Morre Léo Batista e um pedaço do meu mundo também
Aos 92 anos, se cala a maravilhosa voz, sinônimo de um tempo em que o esporte era tratado com seriedade
Estava lendo um texto do amigo Paulo Vinícius Coelho e fui atropelado por uma constatação tão óbvia quanto triste. "O mundo que a gente vive termina antes da gente", escreveu o PVC sobre a despedida do Canindé.
É real e melancólico. Os avôs se vão, depois os pais. Tudo natural. Então, é a hora dos amigos. E então, a certeza da finitude da vida chega até nós, como um soco no fígado.
Mas não são apenas pessoas. É o rádio que não tenho mais - tinha uns 20 - é a vitrola pro vinil o tocador de CDs - doei uns 200 quando me mudei - é a cabine do Pacaembu, é o Pacaembu, é o Canindé, são as coletivas....
E é Léo Batista, a voz que se calou hoje. Voz linda. Clara. Marcante. Testemunha de um tempo em que o esporte era tratado como jornalismo e não como entretenimento.
Seriedade, simpatia, sem palhaçada. A voz como complemento da imagem. Sem excessos, sem gritos, sem bordões em excesso. Leo Batista e Luis Noriega. Que dupla dos sonhos
A morte de Léo Batista é a morte de um grande profissional. É também um pouco da morte do mundo que eu conheci.