A última rodada das Eliminatórias trouxe um dado inédito: a Bolívia conseguiu 100 por cento de aproveitamento, com vitórias sobre Venezuela (4 x 0) e Chile (2 x 1) em Santiago.
A surpresa foi maior porque a Bolívia, falando de Eliminatórias, não ganhava fora de casa há 31 anos. Uma vitória que mostra uma certa evolução do futebol boliviano. O Bolívar, do Grupo City, na Libertadores, também conseguiu alguns bons resultados fora de casa.
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A melhora não fará com que os críticos de futebol na altitude mudem de ideia. Na próxima derrota de um clube brasileiro em La Paz, culparão a altitude. Sempre ela. A vilã.
Até aí, tudo bem.
A altitude ajuda mesmo os bolivianos. Os visitantes sofrem com a falta de fôlego e é comum ver, em finais de jogos, jogadores bolivianos correndo como coelhos e visitantes se arrastando como cágados após lauto almoço.
Há um problema.
E a solução apresentada é ditatorial: obrigar a seleção boliviana e os clubes também a jogarem apenas em Santa Cruz de la Sierra, ao nível do mar.
Ninguém pensa em fazer uma aclimatação maior, com mais tempo em La Paz. Ah, mas como faz com o Brasileiro? Joga com os reservas? Bem, aí é um problema dos clubes. Que busquem uma solução médica e logística.
Strongest e Bolívar são clubes de La Paz, que tem uma rivalidade enorme com Santa Cruz. Obrigá-los a jogar sem torcidas, talvez com torcida contrária, é querer tirar vantagem.
E a seleção joga onde deseja jogar. Ninguém reclama se o Brasil escolhe um lugar quente ou frio. Uma vez, Thomas Muster, tenista austríaco, abandonou um jogo de Taça Davis marcado para o Rio ao meio dia em um sol escaldante.
Proibir jogos na altitude é assumir que o futebol não é um esporte universal, jogado no calor do Senegal ou no frio da Groenlândia.