DOCE ILUSÃO

Silêncio desqualifica Leila como líder feminista

Feministas que viram em Leila uma companheira de trincheira podem rever sua posição e se orgulhar "apenas" por ela ser uma boa presidente

Ivete Sangalo, contratada por Leila Pereira, abrilhantou a festa do Palmeiras.Créditos: Reprodução Twitter Leila Pereira
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No sábado à noite, o treinador Abel Ferreira, após goleada de 5 x 0 sobre o Cuiabá, foi misógino e machista ao responder uma simples pergunta da repórter Aline Fanelli, da rádio Bandnews FM. 

Ela perguntou sobre Mayke, que havia se contundido no jogo. Abel, tomado pelo discurso do "contra tudo e contra todos", disse apenas "mais uma lesão" e depois, sem nenhuma ligação com a pergunta disse que todos deveriam entender que ele só deve satisfação a três mulheres: sua esposa, sua mãe e a Leila Pereira, presidente do Palmeiras.

Pois bem, na segunda-feira pela manhã, a conta de Leila Pereira tinha como destaque uma foto dela como Ivete Sangalo, atração da festa de 110 anos do clube. Mais abaixo,  ela havia repostado uma confusa explicação de Abel sobre o caso.

Se formos analisar levando em conta apenas a Leila presidente, ela pode estar certa. Ivete é uma super estrela e sua presença no clube vai ajudar Leila a vencer a próxima eleição. E pra que brigar ou repreender o técnico mais vencedor da história do clube em um momento delicado, com duas eliminações em uma semana? Melhor deixar para lá, não fazer marola.

Se Leila se fortalece como presidente, ela se enfraquece como líder feminista. Desde que ela fez uma coletiva no início do ano apenas com presença de mulheres representando a Imprensa, passou a ser tratada como uma espécie de Pasionária, a gritar: no pasarán uma revolucionária em construção, uma nova companheira na trincheira.

O desenrolar da história não foi esse. O futebol feminino continuou sem apoio, a política do clube continua sem participação feminina e Leila não foi solidária à torcedora do Botafogo que foi ofendida sexualmente por um torcedor que lhe mostrou o pênis. Mostrou e rodou. E balançou.

A presidente Leila agiu, o sujeito, que não teve identidade revelada, foi expulso do programa sócio torcedor. A líder feminista não disse um a.

Talvez porque não o seja. Simples assim.

 

 

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