RIP

A repórter e o jornalismo que ainda respira, apesar dos tais embaixadores

No mesmo dia, aula de jornalismo e exemplo de bajulação

André prefere perguntas que não reflitam o momento.Créditos: Reprodução Twitter Fluminense
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Terminado o Fla Flu, a repórter da Band foi entrevistar André, do Fluminense. Fez a pergunta do milhão, a mais premente, a única aceitável no momento: por que o Flu completou 13 clássicos sem vitória.

O craque não gostou. Disse que ela estava buscando o lado negativo, que é importante lembrar que o Fluminense é o atual campeão, talvez tenha falado da Recopa e da Libertadores.

André falou tudo o que não interessa ao torcedor tricolor no momento. E cabe ao repórter ser o intermediário entre o torcedor e o jogador. Ou entre o aposentado e o ministro, entre o pai do aluno e o Camilo Santana, entre o fã e a Joelma.

O torcedor até pode ter tido seu ego amaciado pela resposta de André, mas teria ficado bravíssimo com a repórter em caso de uma pergunta passa pano. Aliás, o que André queria? Uma pergunta sobre a nova versão de Renascer?

Horas antes, após o massacre palmeirense, o entrevistado é Flaco López. O "embaixador" Marcos Assunção vai entrevistar. Faz muitos elogios - todos válidos - termina dizendo: "não tenho perguntas, s quero dar os parabéns".

Flaco López é o personagem do campeonato. Artilheiro, deixou para trás toda a desconfiança da torcida. Está jogando muito. O que mudou? O esquema? A vida pessoal? A finalização melhorou? Muita coisa a ser esmiuçada, mas o embaixador prefere abdicar de tudo para dar parabéns. Algo que poderia ter sido feito antes ou depois da entrevista. Ou até, durante. Mas nunca no lugar da pergunta.

E sabe o que é pior? Eu sei o nome do embaixador e só soube o da repórter depois de perguntar ao Edu Cesar, uma enciclopédia . É o jornalismo atual, esquecido e deixado de lado, trocado por embaixadores que não sabem o que é Itamaraty.