Congresso truca Lula e processo de impeachment deixa de ser devaneio
Lula e seus ministros precisam ouvir mais os ensinamentos de Jesus, que disse aos seus apóstolos para iniciar a pregação do evangelho pela sua família.
Muita calma nessa hora, diria o filósofo de botequim. Mas se é preciso ter calma, também é necessário dormir de botas e olhos abertos. O Congresso, liderado por Motta e Alcolumbre, deu m duro recado ao governo Lula na noite de ontem: "quem manda somos nós".
Agora o governo precisará avaliar como lidar com o recado, porque ele traz consigo um risco, que não é mais uma miragem: o de que o Congresso, a partir de qualquer bobagem, abra um processo de impeachment contra Lula para deixá-lo ainda mais nas cordas.
Se Lula aceitar a chantagem e se acovardar, tende a terminar o mandato de forma melancólica e sem chances de se reeleger. Se for pro pau, talvez não tenha café no bule pra enfrentar o tsunami que virá.
Como agir numa situação dessas? Lula, mais do que ninguém, tem os predicados para montar essa estratégia. E acho que por isso tenderá a escolher o caminho do meio das duas alternativas. Vai tensionar sem esticar muito a corda. Isso pode funcionar, mas só tem chances de ter resultados práticos reais se o governo equilibrar o jogo nas redes sociais e se Lula e seus ministros passarem a ter mais protagonismo na disputa da opinião pública via meios de comunicação.
É ligar o modo "o pai tá on" na comunicação buscando explicar por que se está apresentando cada projeto e, ao mesmo tempo, defendendo as realizações de cada área.
Vou dar um exemplo: como pode o Véio da Hawan e o Rei do Ovo baterem no Bolsa Família sem que o ministro Wellington Dias não paute a mídia e as redes para enfrentá-los? Como pode Haddad não articular uma grande coletiva com sites, blogs e influencers progressistas quando quer propor projetos que fazem justiça tributária ao invés de ir na Record?
Lula e seus ministros precisam ouvir mais os ensinamentos de Jesus, que disse aos seus apóstolos para iniciar a pregação do evangelho pela sua família. É organizando a base tradicional lulo-petista que o governo tem condição de sair das cordas e ter força pra ampliar sua base.
Isso não precisa ser feito na base da porrada. Ao contrário, tem que ser de forma cuidadosa e equilibrada. Mas ao mesmo tempo firme.
E passa pela disputa na comunicação. Que só será feita com qualidade se a estratégia política estiver alinhada e correta.
Ou seja, é a comunicação, mas ela depende da política. E estamos muito mal de política no governo Lula. E se isso não mudar um processo de impeachment pode vir a rolar.