ARRANCADA

Como Abel e Endrick comandaram a reação do Palmeiras em busca do título brasileiro

Foram oito vitórias, um empate e uma derrota e o atropelamento de Botafogo, Galo, Grêmio e Flamengo que levaram mais uma taça para a sede do clube

Weverton pegou um pênalti decisivo na arrancada palmeirense.Créditos: Reprodução Twitter/Palmeiras
Escrito en BLOGS el

Há um momento específico e icônico para exemplificar a virada do Palmeiras no campeonato, saindo de uma posição bem desconfortável para buscar o título. Foi no dia 1 de novembro, no estádio Nilton Santos. Aos 37 minutos do segundo tempo. O Botafogo vencia por 3 x 1 e teve um pênalti a seu favor. Tiquinho Soares, artilheiro do time no ano e até então, artilheiro do campeonato, chutou à meia altura e Weverton pegou. Na retomada do jogo, falta para o Palmeiras. Endrick marcou o segundo seu e segundo do time. Cinco minutos depois, Flaco López empatou e, nos acréscimos, Murilo fez o gol que definiu a espetacular virada de 0 x 3 para 4 x 3.

O Palmeiras chegou a 56 pontos, três a menos que o líder Botafogo, que tinha ainda um jogo a menos. Se a vitória tivesse sido alvinegra, a vantagem passaria a ser de nove pontos e não haveria reação que levasse ao título. 

Mas tamanha recuperação do Palmeiras não pode ser explicada por um lance, embora muitas vezes é mesmo uma bola vadia, um montinho artilheiro que explicam a diferença final entre taça levantada e muro de lamentações. 

Tudo começou antes. 

Entre as rodadas 24 e 27, o Palmeiras perdeu todos os jogos. No mesmo período, empatou com o Boca em casa e foi eliminado da Copa Libertadores da América. O ano cainhava para ser uma grande decepção, apesar do título paulista, importante para muitos, mas apenas um penduricalho para este Palmeiras que tem acumulado títulos.

Foi então que Abel resolveu mudar.

E colocou Endrick como titular. 

Fica a dúvida: Abel foi genial ao apostar no garoto maravilha que chega ao Real Madrid daqui a seis meses ou foi teimoso em não utilizá-lo contra o Boca, ficando na reserva do lateral Mayke?

Enfim, lá foi Endrick substituir Dudu, que estava fora da temporada por contusão. E outras mudanças vieram.

Abel trocou o 4-2-4 por um 3-5-2, com Gustavo Gómez, Luan e Murilo dando suporte aos avanços de Mayke e Piquerez. E quando o time estava sendo atacado, havia uma linha de cinco defensiva, com a volta dos alas. 

Breno Lopes, o artilheiro do gol decisivo da Libertadores-20 ganhou a posição de Artur. O time ficou muito mais combativo.

E os resultados apareceram. 

Da rodada 28 a 32, o Palmeiras ganhou todos os cinco jogos, incluindo a virada contra o Botafogo e uma goleada de 5 x 0 no São Paulo, que seria muito importante no saldo de gols. 

Então, uma derrota por 3 x 0 para o Flamengo.

Poderia ser o início de nova derrocada, mas o Palmeiras de Abel é muito forte mentalmente. Tem foco. Não se importou com a derrota, ou sobe tirar proveito da derrota e tomou o elevador novamente.

Ganhou mais três jogos, com 3 x 0 sobre o Inter e 4 x 0 sobre o América - olha o saldo aí - e conseguiu empatar com o Fortaleza fora de casa, com um a menos e estando duas vezes atrás no placar.

Vitórias em série e três goleadas. Um empate buscado com o coração, uma vitória épica, tudo pode ser usado para explicar o título, mas não se pode esquecer da mão de Abel e do pé de Endrick