Javier Milei assumiu a presidência da Argentina com a missão de introduzir receitas econômicas libertárias. Amargo remédio, segundo o próprio Milei. As coisas vão piorar por um ano e meio ou dois, mas depois haverá uma retomada que levará a Argentina à pujança econômica.
Pacote anunciado, houve protestos de rua, mas o núcleo duro do "mileisismo" se comporta como profetas de um novo tempo. É preciso sofrer agora para ser feliz depois.
A seleção brasileira de futebol empatou com a Venezuela em casa. Em seguida, perdeu para Uruguai, Colômbia e Argentina. Os seguidores de Fernando Diniz dizem que demora um tempo para que os preceitos do Mestre sejam assimilado. E que depois virão tempos de glória.
É o mesmo modus operandi dos mileisistas. Pelo menos, os dinizistas têm a conquista da Libertadores para ancorar sua teoria.
E, na busca de outros argumentos, mostram uma certa tendência a torturarem os fatos. E o fato é que o Fluminense perdeu de 4 x 0 para o Manchester City na final do Mundial.
Perdeu, mas manteve seu estilo. Manteve sua convicção.
Mas esse estilo não tem uma variação? Em 2012, para a final contra o Chelsea, Tite trocou Douglas por Jorge Henrique e reforçou o meio. Diniz poderia ter mantido seu estilo, com Aleksander em lugar de Keno, por exemplo.
Mas este não é o ponto.
O ponto é que os dinizistas acham importante perder com convicção. Acreditam estar transformando o futebol mundial. Acreditam e gritam ao mundo, sem medo de errar, que a final do Mundial reuniria dois gênios. Guardiola e Diniz.
E, acreditam, pasmem que o estilo de Diniz é o resgate do futebol brasileiro, é a volta dos velhos tempos. Mas, a não ser no Universo Paralelo, quando o Brasil jogou assim? Com certeza, não foi nos 12 anos de ouro, de 1958 a 70. Também não foi em 94 ou 2002. Também não foi com o Flamengo de Jesus ou Claúdio Coutinho. Ou com Telê. Ou com o Santos de Pelé.
É melhor não contrariar os dinizistas. É capaz de, no limite, eles defenderem Emerson Gelatina Royal ou Felipe Melo.