SEQUESTRO

Marcelinho é vítima da violência e de seu passado cheio de contradições

Grande nome do futebol brasileiro é mantido em cativeiro e, mesmo assim, há quem duvide de tanta dor

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Um grande jogador de futebol, já aposentado, é sequestrado em São Paulo. O cenário ideal para que a questão da segurança pública volte a ser discutida. Um evento catártico, capaz de uma onda de solidariedade para quem fez tantos gols na carreira.

A tese genérica não se sustenta quando a vítima é Marcelinho Carioca, durante tantos anos ídolo da torcida corintiana. O seu sequestro trouxe mais dúvidas do que revolta. 

Primeiro pelo vídeo em que fala que estava com uma mulher casada. Fato que foi devidamente explicado depois. Foi uma ordem de sequestradores e ordem de sequestrador, ao contrário de ordem do STF no Brasil, não se discute. A explicação de Marcelinho foi clara, não há do que duvidar, não houve nada que demonstrasse alguma armação, algum favorecimento ao craque.

Então, por que tanta dúvida?:

Porque é Marcelinho.

Em sua carreira e mesmo depois dela, criou-se um consenso de que "o que Marcelinho fala não se escreve". Houve corintianos, claro, que embalados por 206 gols que marcou pelo clube, acreditasse na história da "segunda pele". Não mais.

E na política? Já foi candidato a deputado pelo Partido dos Trabalhadores, apoiando Lula. Foi candidato a vereador em São Paulo, apoiando Bolsonaro. E veja se há algum dirigente petista ou bolsonarista preocupado com o que de ruim possa acontecer com ele. A  não ser que haja a tal comoção popular - não haverá - que questione políticas de segurança pública.

São muitas confusões éticas de Marcelinho. É acusado de não pagar o tratamento de câncer de sua mãe. A Justiça determinou o bloqueio de seu passaporte. Tem dívidas com uma construtora pela construção de um CT em Atibaia. Recentemente, foi ameaçado de processo pelo Flamengo, por haver dito ter informações de que o clube seria favorecido na final da Copa do Brasil contra o São Paulo. Pediu desculpas e o São Paulo foi campeão.

Marcelinho lembra a história cruel de um menino que gritava estar sendo perseguido por um lobo. A aldeia toda se movimentava para salvá-lo e se deparava com uma mentira. Foi assim uma, duas, três, tantas vezes. Até que era verdade. E o lobo se deu bem.

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