Apesar do compromisso declarado com práticas sustentáveis, fundos rotulados como “verdes” na Europa aplicaram mais de US$ 33 bilhões em empresas de combustíveis fósseis, segundo apuração conjunta da Voxeurop e do jornal The Guardian.
Os aportes incluem nomes como Shell, BP, Chevron, ExxonMobil e TotalEnergies — as cinco maiores emissoras de gases do setor, segundo o ranking Carbon Majors de 2023.
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Somente essas cinco companhias receberam mais de US$ 18 bilhões em investimentos de fundos classificados nos artigos 8 e 9 da regulamentação europeia SFDR, que supostamente visam promover objetivos ambientais ou sociais. Além disso, empresas como a americana Devon Energy e a canadense Suncor, ambas com histórico de práticas poluentes, também foram contempladas.
Embora gestoras como BlackRock, JP Morgan e DWS defendam que o investimento permite pressionar por mudanças internas nas empresas, analistas climáticos afirmam que nenhuma das grandes petrolíferas segue um plano alinhado ao Acordo de Paris. Muitas, inclusive, recuaram em suas metas climáticas no último ano, conforme relatório da Carbon Tracker.
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Entidades como a Transport & Environment (T&E) consideram esses investimentos um caso clássico de greenwashing. Para Giorgia Ranzato, da T&E, manter aportes em petrolíferas em nome da sustentabilidade é “enganoso” e reforça a necessidade de uma reforma profunda da SFDR.
A investigação também expôs como fundos com nomes que remetem à sustentabilidade carregam investimentos em fósseis. O “Europe Climate Pathway”, da LGIM, tinha US$ 88 milhões em Shell, BP e TotalEnergies. O fundo “Sustainable Global Stars”, da Robeco, investia US$ 40 milhões na TotalEnergies. Já a State Street Global Advisors UK aplicava US$ 43 milhões nas cinco grandes.
Ativistas como Paul Schreiber, da Reclaim Finance, defendem regras obrigatórias que proíbam combustíveis fósseis em qualquer fundo que se promova como sustentável. A TotalEnergies afirmou seguir o Acordo de Paris. Shell e outras não comentaram.