Surto coletivo

Não existe bebê reborn em Gaza

Seres humanos não se preocupam com o massacre de criancinhas. Estão preocupados em embalar seus filhos de plástico

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Meu nome é Luís Augusto Símon, mas pode chamar de Menon. Sou jornalista há 38 anos e antes eu sonhava em ser jornalista.
Não existe bebê reborn em Gaza
Bebê reborn é a febre do momento. Reprodução Instagram

Quando tinha três anos,Inha sobrinha ganhou um bebê reborn de Papai Noel. Adorou a surpresa, conseguida após intensa troca de correspondência com o Bom Velhinho.

 Brincou bastante, por uns anos. Depois, cansou. Quando estava com dez anos, por influência de uma amiga, voltou a brincar. Chegou em casa assustada: Vocês sabem quanto custa uma fralda?  Que absurdo!

Ela tem uma poupança vinda da venda de bijouterias para tios e primas. Mexeu no bolso, a compra da fralda. Abandonou novamente a Teodora, acho que esse é o nome.

Foi o primeiro choque financeiro da vida dela. Pelo menos para isso serviu. Tomara que outras pessoas mais velhas saiam do surto psicótico que me parece a febre renascida dos reborns.

A situação é grave. Estão vivendo em um mundo paralelo. Há alguns anos, a febre era ter um tamagochi, espécie de mascote virtual. Agora, são bonecas realistas.

Rosângela Moro, deputada de extrema direita e conja do juiz inculto, quer que os pais de bebês reborn possam ser atendidos pelo SUS. Aplaudo a iniciativa. Precisam mesmo de tratamento psicológico, como os viciados em uso de celular.

Já há campanhas para adoção de cachorros. E agora, famílias são compostas por pai, mãe e bebê reborn. Não seria muito melhor adotar uma  criança? Dar a um ser humano todo o amor represado?  A criança agradeceria por toda a vida. 

É preciso dar um choque de realidade nos papais e mamães de plástico. Lembrar que não há bonecas em Gaza. Em breve, não haverá crianças. Estão sendo assassinadas diariamente diante de nosso olhar complacente. Mesmo daqueles, que não se preocupam com tamagochi, joguinhos ou reborns. Ridículos ou não, somos todos culpados.

 

 

 

 

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