HISTÓRIA

Calendário mais antigo do mundo pode ter sido encontrado em templo milenar

Uma descoberta em um sítio arqueológico do sul da Turquia pode mudar o que sabemos sobre o início da contagem do tempo e da vida em sociedade.

Göbekli Tepe, Sanliurfa/.Créditos: Wikimedia Commons
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No coração do Crescente Fértil, escavações em Göbekli Tepe trouxeram à tona algo surpreendente: pesquisadores da Universidade de Edimburgo sugerem que o local abriga o mais antigo calendário solar já registrado pela humanidade, datado de aproximadamente 12 mil anos. Isso significa que comunidades pré-históricas observavam e marcavam ciclos astronômicos muito antes da invenção da escrita ou da agricultura.

As evidências foram publicadas na revista científica Time and Mind, após análise minuciosa dos entalhes em pilares de pedra do local, especialmente os símbolos em forma de “V”.

Pilares revelam contagem de dias e eventos celestes

Localizado próximo à atual cidade de Sanliurfa, o complexo arqueológico impressiona por seus grandes monólitos em forma de “T”, esculpidos com figuras e símbolos misteriosos. Em um dos pilares, os cientistas identificaram 365 marcas em “V”, que poderiam representar os dias do ano solar.

Outro destaque é a representação do solstício de verão, marcado por um entalhe sobre o pescoço de uma figura com aparência de ave — possivelmente ligada a constelações observadas naquela época do ano.

Cometas, mudanças climáticas e o nascimento da agricultura

O estudo também propõe uma ligação entre o conhecimento astronômico e um evento catastrófico: a queda de um cometa por volta de 10.850 a.C., que teria desencadeado uma mini era glacial. Segundo os pesquisadores, essa transformação climática pode ter estimulado o surgimento de rituais religiosos, novas formas de organização social e as primeiras práticas agrícolas.

Um dos pilares parece ilustrar a chuva de meteoros Táuridas, sugerindo que os construtores de Göbekli Tepe já entendiam que certos fenômenos celestes se repetiam com o movimento da Terra pelo espaço — ideia que precede em milênios os estudos do grego Hiparco sobre a oscilação do eixo terrestre.

Göbekli Tepe e os primeiros passos rumo à escrita

As representações no templo sugerem mais do que observação: apontam para um sistema de registro do tempo que poderia ter influenciado diretamente o surgimento da escrita. A precisão na marcação dos ciclos solares e lunares revela uma conexão entre astronomia, religião e coesão social nos primórdios da civilização humana.

Com estruturas ricas em símbolos e construções monumentais, Göbekli Tepe reforça a hipótese de que o conhecimento astronômico esteve no centro das transformações neolíticas, moldando culturas muito antes do que se pensava.

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