PODE PIORAR

Libertadores e Sul-americana com final única é puro suco de viralatismo

Ednaldo Rodrigues, presidente da CBF, sugeriu que a próxima edição da Libertadores seja decidida nos EUA

Fernando Diniz comanda o Fluminense na decisão contra o Boca.Créditos: Reprodução/Twitter
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No sábado, 4/11, Fluminense e Boca Jrs disputam a final da Libertadores, no Maracanã. Vai ser uma festa bonita, com o estádio lotado. Os tricolores terão de gritar muito para superar os bosteros que já começam a se espalhar pelas lindas praias cariocas. Uma festa bonita, mas fica a impressão de estar faltando a outra metade: o jogo na Bombonera, o mítico estádio do Boca.

A final em jogo único é inexplicável para a América do Sul. É apenas uma cópia mal feita, trouxeram uma experiência europeia sem analisar as variantes da nossa América do Sul: onde estão os trens? e passagens aéreas acessíveis? boas estradas para ir de carro? Estou falando apenas de logística, mas vamos entrar em outros parâmetros.

Uma final com dois jogos entre Fluminense e Boca movimentaria toda a América do Sul. Tem muito mais cara de disputa do que de espetáculo. No segundo jogo, todos saberiam o que fazer, que resultado precisariam, a emoção seria muito maior.

E o dinheiro?

Quanto seria arrecadado com ingressos com um jogo a mais, com a fanática torcida do Boca lotando a Bombonera? E os direitos de televisão?

E há dois anos, quando os palmeirenses e rubro-negros tiveram de se deslocar até Montevidéu para ver a decisão. Poderiam ser dois jogos, um em São Paulo e outro no Rio. O mesmo raciocínio vale para a decisão da Sul-americana deste ano. Torcedores do Fortaleza viajaram cinco mil quilômetros até Punta del  Este para ver o jogo contra a LDU. Os equatorianos, seis mil. O jogo estava marcado originalmente para o Centenário, em Montevidéu, mas o medo de um estádio vazio ocasionou a mudança. No ano passado, São Paulo e Independiente del Valle não conseguiram lotar o Mario Kempes, em Cordoba.

Imaginem o Castelão lotado, com 60 mil pessoas. E o Casablanca, em Quito, lotado com 40 mil pagantes. Seria uma final para 100 mil pessoas. Foi transformado em uma outra, com capacidade para 25 mil. Não dá para entender.

E as finais da Libertadores têm sido sempre no Maracanã: 2023, 2022 e 2020. Em 2021 foi no Centenário e em 2019, em LIma. São poucas opções de grandes palcos na América do Sul, Maracanã, Centenário, Monumental de Nunez e os estádios da Copa no Brasil. A Conmebol pretende ampliar as opções e Ednaldo Rodrigues, presidente da CBF, veio com a sugestão mais bizarra de todas: levar a final para o EUA. 

Aí, sim. O torcedor que economiza o ano todo para gastar mil reais para ver a final agora terá de acrescentar o valor da passagem aérea. 

Os cartolas da América do Sul, com seu viralatismo endêmico, atávico, genético e aleatório conseguiram acabar com a grande festa do futebol do continente.