O problema não é Cuiabá, Neymar. Você precisa de um descanso ou de um castigo
Camisa 10 mais discutiu com jogadores da Venezuela do que jogou futebol, sendo um dos culpados do empate por 1 x 1. As Eliminatórias são fáceis e ele precisa de um descanso, enquanto Fernando Diniz busca alternativas ao craque, que deixou há muito de ser unanimidade no Brasil
Neymar, segundo José Carlos Araújo, decano dos locutores de rádio do Brasil, com 83 anos e 12 Copas do Mundo, teria se irritado muito após levar um saco de pipoca na cabeça - atirado por um torcedor mal educado - na saída do jogo contra a Venezuela, 1 x 1, dia 13 de outubro, em Cuiabá. Entre ofensas a Ednaldo Rodrigues, presidente da CBF, ele teria dito que Ednaldo "não deveria trazer a gente para esse lugar" e que também não gostaria de jogar em Montevidéu na próxima terça-feira, dia 17.
"Aquele lugar' estava lotado, com 40 mil pessoas para ver a seleção. Renda de R$ !2 milhões, com preço médio de R$ 300. Um lugar no Brasil, como tantos outros. Uma linda arena, como outras construídas para a Copa. Ao dizer "aquele lugar", Neymar deixa entender que foi Cuiabá o motivo de ele ter levado o saco de pipoca - ato reprovável - na cabeça. Em outro lugar, não seria assim.
Será? Neymar não é esta unanimidade toda. Nem no Brasil e nem em Paris, de onde saiu sem que os franceses vertessem uma lágrima sequer. Além de não ser unanimidade, Neymar não é tão querido como pensa. Seu comportamento ridículo na Copa de 2018, rolando em campo a cada vento mais forte, fingindo agressões e não conseguindo fazer o Brasil passar das quartas de final, como se repetiria em 2022, são alguns dos motivos.
Mas Neymar é obrigado a classificar o Brasil? Toda a decepção deve cair sobre suas costas? Toda responsabilidade é dele, que inclusive ficou fora de alguns jogos por contusão? Lógico que há um exagero, lógico que brasileiro é passional - principalmente - quando se fala de futebol, mas a verdade é que o futebol que apresenta está abaixo das expectativas criadas pelo seu alto salário e pela maneira como os treinadores se adaptam a ele.
O Brasil vive há tempos do esquema Neymar + 10 e não tem dado resultados. Ele joga onde quer, como quer e, se os seus números de artilheiro vão crescendo, já são três Copas em que não é protagonista, não faz a diferença.
Contra a Venezuela, estava muito nervoso, discutindo muito e sempre. No final, tentou cavar um pênalti e não conseguiu enganar o juiz. Se levasse um amarelo, ficaria fora do quarto jogo das Eliminatórias, contra o Uruguai, em Montevidéu. Injustiça ou não, ficou a impressão de falta de comprometimento e de vontade de comer uma boa milanesa em Montevidéu.
Chegou a hora de acreditar na mensagem que ele transmite e dar-lhe um bom descanso nos próximos jogos, Enquanto isso, buscar soluções e alternativas. O "Neymar + 10" não funciona há tempos.