A situação do ex-ministro da Justiça Anderson Torres se complica cada vez mais. Ele agora é foco de uma operação sigilosa para apurar como foi montada a operação da Polícia Rodoviária Federal que bloqueou as estradas do Nordeste no dia do segundo turno.
A razão da investigação é uma viagem que o ex-ministro fez à Bahia entre o primeiro e o segundo turno das eleições de 2022, que teria o objetivo de organizar a operação que tentaria dificultar a chegada de eleitores petistas às urnas.
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Na ação, que colocou o então diretor da PRF, Silvinei Vasques, no foco do ministro do Supremo Alexandre de Moraes, foi feito o dobro de abordagens do primeiro turno. A Polícia Federal (PF) apura se houve de fato um esforço dirigido para impedir que eleitores do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) chegassem aos locais de votação.
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Reunião em Salvador
Torres desembarcou na base aérea do aeroporto de Salvador num jato da FAB, junto com o diretor-geral da PF, Márcio Nunes, e seu secretário-executivo, o brigadeiro Antonio Lorenzo.
De acordo com apuração dos delegados da PF, o ex-ministro da Justiça e seus assessores se reuniram no final da manhã da quarta-feira 26 de outubro, com o superintendente da Polícia Federal na Bahia, Leandro Almada, e seus dois assessores diretos, os delegados Flávio Marcio Albergaria Silva e Marcelo Werner Derschum Filho.
"A função de vocês aqui é tão estratégica que se eu pudesse trocaria de lugar com vocês", disse ele ao grupo reunido na superintendência da PF, segundo os relatos feitos pelos participantes da reunião à PF e ao Ministério da Justiça.
Sob o pretexto de que estaria recebendo denúncia de compras de votos por parte do PT no estado – fato que explicaria, de acordo com ele, a grande diferença entre a votação de Lula e a de Bolsonaro no primeiro turno – Torres tentava convencer os agentes a armar as operações de bloqueio.
O ministro queria que a Polícia Federal colocasse pelo menos 90% do efetivo nas ruas e estradas no domingo – o que seria atípico para o período.
O tom do então ministro na reunião causou espanto nos policiais. Superintendentes da PRF na região, inclusive, não escondiam dos subordinados qual era o objetivo da operação. Vários deles agora estão na mira da PF e do Supremo.
A operação organizada por Torres não teve o efeito desejado. Os eleitores votaram, apesar dos bloqueios. E Torres e seus ex-subordinados na PRF agora podem ser indiciados pela Polícia Federal.
Com informações da coluna de Malu Gaspar