ATOS GOLPISTAS

Anderson Torres chama minuta do golpe de "lixo, loucura e folclore"

Ex-ministro da Justiça de Jair Bolsonaro foi ouvido nesta quinta-feira (16) pelo TSE em processo que pode tornar o ex-presidente inelegível

Créditos: Agência Brasil (Fabio Pozzebom) - Ex-ministro da Justiça, Anderson Torres, prestou depoimento em ação que pode deixar Jair Bolsonaro inelegível
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Ex-ministro da Justiça e ex-secretário de Segurança Pública do Distrito Federal, Anderson Torres, prestou depoimento nesta quinta-feira (16) ao corregedor-geral Eleitoral, ministro Benedito Gonçalves, em uma ação que apura condutas capazes de tornar o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) inelegível, em caso de condenação.

Na condição de testemunha, Torres falou durante cerca de uma hora e meia por videoconferência. Ele respondeu todas as perguntas que foram feitas a ele, que está preso desde o dia 14 de janeiro em um batalhão da Polícia Militar no Guará, no Distrito Federal, por ordem do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes.

Torres chamou de “lixo”, “loucura” e “folclore” a minuta de decreto de Estado de Defesa no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) encontrada na residência dele. Também disse desconhecer a origem da minuta ou quem teria feito o documento.

O ex-ministro de Bolsonaro foi ouvido na ação de investigação judicial eleitoral (Aije) que apura eventual crime eleitoral na conduta do ex-presidente durante reunião com embaixadores, em julho de 2022, quando atacou as urnas eletrônicas e o sistema eleitoral brasileiro sem apresentar provas. O depoimento no TSE foi autorizado pelo ministro Moraes, a pedido de Gonçalves.

A oitiva foi convocada por Gonçalves para esclarecer a chamada minuta do golpe, documento encontrado na casa do ex-secretário e cujo texto previa uma intervenção na Justiça Eleitoral, com o objetivo de impedir a apuração das eleições.

Além de presidente do TSE, Moraes é relator, no STF, de inquérito que investiga a responsabilidade de Torres nos atos antidemocráticos de 8 de janeiro.

Durante as investigações dos atos golpistas de 8 de janeiro é que foi encontrada, na casa do ex-ministro, em Brasília, a minuta do golpe, documento de teor intervencionista cujo texto previa a decretação de estado de sítio no TSE e reversão do resultado das urnas, em afronta à Constituição.

A pedido do PDT, tal documento foi aceito como prova na Aije contra Bolsonaro, motivo pelo qual Benedito Gonçalves pediu para ouvir as explicações de Torres.

Na decisão em que incluiu o documento nos autos da Aije, Benedito Gonçalves escreveu que a minuta pode ter relação com a apuração da legalidade da reunião com embaixadores.

"Questão controversa, admitida ao debate, é se a repercussão eleitoral do discurso e sua gravidade podem ser evidenciadas pela minuta de decreto de Estado de Defesa apreendida em 13/01/2023 pela Polícia Federal na residência de Anderson Torres", afirmou o ministro.

Ao comentar o caso nas redes sociais, à época da apreensão do documento e antes de ser preso, Torres disse que a minuta de decreto encontrada em sua casa foi vazada "fora do contexto”.

Com informações da Agência Brasil