Horas depois da Polícia Federal solicitar, o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, autorizou que os investigadores colham depoimento de Valdemar da Costa Neto, presidente do PL, sobre a minuta golpista de Anderson Torres e outras propostas de subversão dos resultados eleitorais que eram ventiladas no entorno do ex-presidente Jair Bolsonaro. A decisão foi assinada nesta terça-feira (31) e dá um prazo de cinco dias para a tomada do depoimento.
O principal objetivo é apurar o que o presidente do partido do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) quis dizer quando afirmou ao jornal O Globo, referindo-se à minuta golpista encontrada na casa do ex-ministro da Justiça e ex-secretário de Segurança Pública do Distrito Federal, Anderson Torres, de que havia documentos iguais “na casa de todo mundo”.
“As declarações de Valdemar da Costa Neto devem ser esclarecidas no contexto mais amplo desta investigação, notadamente no que diz respeito à adesão, por terceiras pessoas, de eventual intenção golpista”, afirmou Moraes, que investiga possíveis crimes de tentativa de golpe de Estado e de abolição violenta do Estado Democrático de Direito.
Durante entrevista ao Globo, Costa Neto afirmou: “Aquela proposta que tinha na casa do ministro da Justiça, isso tinha na casa de todo mundo. Muita gente chegou para mim agora e falou: ‘Pô, você sabe que eu tinha um papel parecido com aquele lá em casa. Imagina se pegam’”.
Em outros trechos da entrevista, Costa Neto declarou: “Nunca comentei, mas recebi várias propostas, que vinham pelos Correios, que recebi em evento político. Tinha gente que colocava [o papel] no meu bolso, dizendo que era como tirar o Lula do governo. Advogados me mandavam como fazer utilizando o artigo 142, mas tudo fora da lei. Tive o cuidado de triturar”.
“O Bolsonaro não quis fazer nada fora da lei. A pressão em cima dele foi uma barbaridade. Como o pessoal acha que ele é muito valente, meio alterado, meio louco, achava que ele podia dar o golpe. Ele não fez isso porque não viu maneira de fazer. Agora, vão prendê-lo por causa disso?”, acrescentou.
Depois de algumas horas da publicação da entrevista, o presidente do PL recuou e declarou que se tratava de uma “metáfora”. “Porque isso era um negócio que corria dentro do governo, o pessoal comentando: ‘Olha, recebi uma proposta aqui’. Eu recebia e moía. O Anderson não fez isso. Deve ter acontecido com ele”, disse à CNN Brasil.