ANDERSON TORRES

Anderson Torres, acusado de golpismo, quer um advogado fora das hordas bolsonaristas

Deprimido e preso há mais de dois meses, ex-ministro e ex-secretário de Segurança do DF, está infeliz com seu defensor indicado por Flávio Bolsonaro

Anderson Torres.Créditos: Agência Brasil
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Anderson Torres, ex-ministro da Justiça do governo de Jair Bolsonaro (PL) e ex-secretário de Segurança do DF, vai mudar de advogado. Preso há 75 dias, Torres é acusado de omissão com relação aos atos golpistas de 8 de janeiro.

Seu advogado atual é Rodrigo Roca, que foi indicado pelo senador Flávio Bolsonaro (PL).

O grande problema, para ele, é justamente este. Ele quer um defensor de fora das hordas bolsonaristas. Alguém que o afaste do círculo golpista.

Roca, por exemplo, sequer conseguiu ser recebido pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes.

De acordo com a coluna de Lauro Jardim, no Globo, Torres tem se mostrado deprimido na prisão. O nome de seu novo advogado deverá ser apresentado em breve.

Bolsonaro apavorado

O ex-ministro depôs no último dia 16 de março como testemunha em processo que investiga a reunião de Bolsonaro com embaixadores no Palácio da Alvorada. Na ocasião, ele fez acusações infundadas contra as urnas eletrônicas. O ex-ministro foi convocado para depor sobre a minuta golpista encontrada em uma pasta na sua casa pela Polícia Federal (PF) dias depois dos atentados de 8 de janeiro às sedes dos três poderes.

O ministro Benedito Gonçalves, do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), incluiu o documento na ação por entender que os dois fatos estão relacionados e devem ser analisados conjuntamente, por se tratarem dos ataques sistemáticos do governo Bolsonaro contra o sistema eleitoral.

A ação pode levar Bolsonaro a ficar inelegível e impedido de disputar eleições pelos próximos oito anos.

Alguns detalhes, no entanto, chamaram a atenção de todos, de acordo com a coluna de Malu Gaspar. O primeiro deles: a defesa de Bolsonaro tentou impedir que o ex-ministro da Justiça fosse ouvido.

Além disso, apesar de Torres não ser o primeiro a depor nesse processo, foi a primeira vez em que o advogado Tarcísio Vieira de Carvalho, que lidera a defesa jurídica do ex-presidente, acompanhou um depoimento de uma testemunha.

Como se não bastasse, depois que a oitiva aconteceu os advogados de Bolsonaro ainda insistiram para manter as declarações sob sigilo.