FOLHA SANTISTA

VÍDEO: PM de Tarcísio celebra morte de homem durante Operação Escudo em Guarujá

Imagens das Câmeras Operacionais Portáteis dos policiais da Rota mostram agentes comemorando a morte de um homem, em 2023: “Até que enfim”

Escrito em SP el
Jornalista e redator da Revista Fórum.
VÍDEO: PM de Tarcísio celebra morte de homem durante Operação Escudo em Guarujá
Imagem Ilustrativa. Governo do Estado de São Paulo

Policiais militares das Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar (Rota) aparecem, em imagens das Câmeras Operacionais Portáteis (COPs), comemorando a morte de um homem durante a Operação Escudo.

A ação das polícias de São Paulo, sob responsabilidade do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), foi deflagrada na Baixada Santista, depois da morte do PM da Rota, Patrick Bastos Reis, em julho de 2023.

As imagens do vídeo, divulgado primeiramente pelo UOL, mostram as equipes da Rota em uma avenida de Guarujá, no litoral paulista, por volta das 20h30 do dia 29 de julho de 2023. Os agentes aparecem de pé, na calçada, quando recebem a informação, via rádio, de que um homem tinha sido baleado e morto.

“Até que enfim, hein? Joga aí na rede, joga no grupo. Aê! Agora, sim! Foram mexer com o sistema. O sistema é bruto”, afirmou um dos PMs. Na sequência, outro agente disse: “Guerra é guerra, velho”.

A morte em questão aconteceu na Rua Operária, no Sítio Conceiçãozinha, em Guarujá. Neste dia, quatro homens foram baleados em supostos confrontos com policiais. Cleiton Barbosa Moura, de 24 anos, morreu.

A esposa da vítima, à época, declarou que o marido foi “executado a sangue frio”. A mulher relatou que o homem foi retirado de casa arrastado para um mangue e “fuzilado” próximo do filho de 10 meses.

Além da morte de Cleiton, os policiais mencionaram Erickson David da Silva, o Deivinho, apontado como autor do disparo que matou o PM da Rota. “Alguém está bravo com essas coisas, hein? Sabe o que vai ser pior? Hoje vai acabar. Eles vão cortar”, disse um policial.

Outro relembrou os “crimes de maio” de 2006, quando as forças de segurança reagiram com violência aos ataques do Primeiro Comando da Capital (PCC) e mataram, indiscriminadamente, mais de 400 pessoas. “É que nem 2006, mano. Quem matou, matou. Não matou, irmão, não vai matar mais”.

O mesmo agente disse que a PM precisava “aproveitar o final de semana”, enquanto outro destacou que já tinham três mortos “por enquanto”. “É que a (equipe) noturna não está QRV (à disposição) hoje, acho que eles estão de folga”, afirmou. O colega acrescentou: “Ainda tem eles hoje, os caras vai vir (sic) com força total. Noturna? Espera, viu? Os caras não vai (sic) deixar barato. E vai ser sem massagem”.

O que diz a Secretaria de Segurança Pública

A Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo (SSP-SP), ao se referir à comemoração dos policiais, afirmou que o caso de morte em consequência de intervenção policial foi investigado pelas polícias Civil e Militar e devidamente relatado à Justiça, de acordo com informações de A Tribuna.

O órgão alegou, como sempre, que não compactua com desvios de conduta dos agentes e pune com rigor os que não obedecem aos protocolos da corporação. “A Polícia Militar reafirma seu compromisso com a legalidade, transparência e proteção da vida”.

Ainda de acordo com a SSP-SP, todos os casos de mortes decorrentes de intervenção policial são “rigorosamente apurados”, com acompanhamento das Corregedorias, do Ministério Público e do Poder Judiciário.

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