Sabrina Gomes, de 24 anos, moradora de Fortaleza (CE), foi diagnosticada com Síndrome de Cushing e com um timoma, um tumor no tórax. Os dois problemas causam dificuldades respiratórias, insuficiência renal, pressão alta, distúrbios metabólicos e chegaram até a mudar a tonalidade da sua pele.
Ela aguarda da Secretaria Estadual de Saúde (Sesa) um medicamento de alto custo para fazer o tratamento. Cada dose custa em média R$ 32 mil, e ela precisa de quatro doses.
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Ela recebeu o diagnóstico ainda adolescente. O tumor produz excesso de ACTH, o que, entre outras coisas, faz com que as glândulas adrenais produzam, também em excesso, o cortisol.
"Não estou conseguindo dormir. Já tem uns cinco dias que não consigo dormir. Minha pele escureceu bastante nesse tratamento todo. Não estou conseguindo falar muito bem. Andar é complicado para mim também porque fico muito cansada. Recentemente, fiz uma tomografia e descobri que estava com água no pulmão, que é um derrame pleural, e um derrame pericárdico. Tudo por conta do tumor", afirma Sabrina.
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Ela conta já ter passado por três quimioterapias, radioterapia e quatro cirurgias. Agora, a equipe médica e a família buscam o lutécio radiotivo, uma medicação que pode estabilizar e até eliminar o tumor.
Tratamento alternativo
A equipe médica que acompanha Sabrina propôs um tratamento alternativo endovenoso, que envolve o medicamento lutécio. A substância possui uma carga radioativa que consegue atacar as células do tumor.
"Essas células que produzem hormônios, que são células de linhagem neuroendócrinas, em algumas situações elas captam, elas incorporam radiofármacos. O lutécio é um radiofármaco. [O radiofármaco] vai lá na célula e destrói essas células, fazendo com que ela tenha uma diminuição desse volume desse tumor, e consiga ir controlando essa doença dela", explica a professora Ana Rosa Quidute.
A médica afirma que antes de recomendar este tipo de medicamento, a equipe médica realiza um exame para identificar se as células cancerígenas possuem "receptores" que permitiram que o radiofármaco - no caso, o lutécio - se acoplem a elas.
"A Sabrina, ela fez esse exame e houve uma captação. Então, existe uma luz no fim do túnel", avalia Ana Rosa. "Então, vale a pena você tentar. É uma vida".
Alto custo
O tratamento é feito com quatro aplicações, com um intervalo de seis semanas entre cada uma. O lutécio tem o custo médio de R$ 32 mil por dose, conforme levantamento que consta na decisão judicial. Ao todo, o tratamento de Sabrina custaria quase R$ 130 mil.
Sabrina acionou Defensoria Pública da União em dezembro do ano passado, para entrar na Justiça e obrigar a Secretaria Estadual de Saúde do Ceará (Sesa) a fornecer o remédio para seu tratamento. A Justiça decidiu a favor da paciente em março de 2024.
Mesmo assim, Sabrina afirmou ao g1 que não consegue receber o tratamento. "A gente tem que ir lá, eu levo o papel dizendo da minha gravidade, mas não adianta nada", disse.
O que diz a Secretaria de Saúde
O coordenador de monitoramento, avaliação e controle do sistema de saúde da Sesa, Breno Novais, afirmou à TV Verdes Mares que como o tratamento que Sabrina precisa não está no rol dos disponíveis no SUS, a secretaria precisou abrir um procedimento específico para comprar o remédio respeitando a legislação vigente.
"A gente abriu um processo de dispensa de licitação para atender de forma célere e segura a Sabrina. No primeiro processo que foi aberto, nenhuma unidade habilitada se cadastrou para a execução desse serviço. Nós fizemos nova comunicação com os serviços habilitados aqui do estado", afirmou Breno.
"Já está aberto outro processo para que nós consigamos fazer a contratualização de forma célebre para o tratamento da Sabrina. Por tratar-se de um serviço, de uma medicação que não consta no rol do SUS, a Secretaria está seguindo todos os trâmites legais para a contratualização segura desse serviço, desse tratamento que a Sabrina tanto precisa", encerrou.
Com informaçõs do G1