ALIMENTAÇÃO

Gostar de carboidratos pode estar “no DNA” dos seres humanos; entenda

Afinidade da espécie humana a alimentos ricos em carboidratos pode ser retraçada geneticamente, de acordo com a ciência

Pães.Créditos: Pixabay
Escrito en SAÚDE el

Por que os seres humanos gostam tanto de consumir alimentos ricos em carboidratos?

Massas, pizza, bolos e pães: todas essas coisas não são apenas agradáveis ao paladar pelas técnicas culinárias envolvidas e pela versatilidade das receitas; nossa afinidade por elas pode estar diretamente relacionada à formação do DNA da espécie humana, de acordo com estudos de estruturas genéticas antigas. 

Uma pesquisa publicada na revista Science na última quinta-feira (17) mostra como evidências arqueológicas ajudam a desvendar a origem da preferência dos seres humanos pela alta ingestão de carboidratos

Os primeiros humanos a habitar a Terra já tinham dietas com composições calóricas e demonstravam a presença de um gene antigo na espécie que está ligado à fácil absorção e digestão desses alimentos.

Os carboidratos, após ingeridos, são quebrados em açúcares simples no organismo, que o corpo usa como energia. Mesmo antes do avanço de técnicas produtivas na agricultura e da sedentarização dos indivíduos antigos, esses genes já existiam, e mais: já haviam se duplicado. 

De acordo com pesquisadores do Jackson Laboratory, em Connecticut, e da Universidade de Buffalo, em Nova York, 68 genomas humanos antigos indicam como o gene AMY1 permite que humanos decomponham carboidratos complexos na boca, que então formam amidos com o auxílio da enzima amilase.

Os estudos buscaram entender quando pode ter ocorrido a duplicação dos genomas antigos relacionados à absorção de carboidratos e demonstram que, há pelo menos 45 mil anos, humanos caçadores-coletores tinham de quatro a oito cópias do AMY1. Isto é, essa "preferência" por carboidratos vem desde o Homo Sapiens.

Além disso, humanos arcaicos de até 800 mil anos também tinham mais de uma cópia do genoma, embora essa duplicação tenha sido aleatória. O genoma permitiu que humanos tivessem vantagens adaptativas e dietas mais variadas, com maiores índices de energia (ou seja, de índice calórico). 

E há também uma outra descoberta interessante: apesar de as proteínas terem sido importantes para a evolução no consumo de energia que propiciou o desenvolvimento do cérebro humano (sua expansão e complexificação ao longo dos anos), parecem ter sido os carboidratos aqueles realmente responsáveis por essa evolução.

Isso porque os amidos "estavam sendo metabolizados em açúcares simples para alimentar o rápido desenvolvimento cerebral durante a evolução humana", afirma um pesquisador.