Esta quinta-feira (21) marca o Dia Mundial da Doença de Alzheimer, data escolhida pela Associação Internacional do Alzheimer (ADI, na sigla em inglês). Setembro é, também, o mês mundial da doença. No Brasil, a data marca, em adição, o Dia Nacional de Conscientização da Doença de Alzheimer, instituído pela Lei nº 11.736/2008.
Em meio a um mês de conscientização, pesquisas avançam em descobrir mais sobre a doença, que, descrita pela primeira vez em 1906, permanece sem cura até hoje.
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O que é o Alzheimer
O Alzheimer é um tipo de demência caracterizada pela morte das células nervosas, o que impacta na memória, linguagem e percepção de mundo dos doentes.
A enfermidade é progressiva, tendo três fases, segundo o Ministério da Saúde: leve – falhas de memória e esquecimentos constantes; dificuldades em realizar tarefas complexas (como cuidar das finanças) –, moderada – o paciente já necessita de ajuda para realizar tarefas simples, como se vestir – e avançada – o paciente necessita de auxílio para realizar qualquer atividade, como comer, tomar banho e cuidar da higiene.
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No Brasil, são 1,2 milhão de casos da doença, com 100 mil novos por ano, segundo o Ministério da Saúde. No mundo, a ADI estima 50 milhões de casos de demência, dos quais quase 75% são de Alzheimer. Até 2050, a previsão é que, devido ao envelhecimento da população, o número de doentes chegue a 131,5 milhões.
Novos remédios
Com o número de doentes progressivo como a doença, cientistas buscam descobrir tratamentos efetivos para retardar o avanço da enfermidade e, quem sabe no futuro, até curá-la.
No dia 6 de julho deste ano, a Agência Americana de Drogas e Alimentos (FDA, na sigla em inglês) aprovou o medicamento lecanemab (comercializado pelo nome Leqembi) para tratamento precoce do Alzheimer. O remédio atua na redução das placas amiloides, tóxicas para os neurônios e suas sinapses, diminuindo-as em 27%. Isso significa que ele retardou a piora cognitiva em seis meses. Porém, não acarretou em melhora cognitiva.
Outro fármaco com resultados promissores foi o donanemab, da farmacêutica Eli Lilly. Segundo os resultados da fase 3 do estudo clínico realizado pela empresa, o composto mostrou-se capaz de retardar o declínio cognitivo em até 60% em indivíduos tratados nos estágios iniciais da doença.
No entanto, ambos os fármacos apresentaram efeitos colaterais em alguns pacientes dos estudos, além de preços excessivos. Ainda assim, há uma expectativa de que esses tratamentos abram as portas para outros, mais eficazes.
No Brasil, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) ainda não aprovou o uso desses medicamentos, mas é possível realizar o tratamento com os anticolinesterásicos pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Os anticolinesterásicos são medicamentos utilizados em pessoas que já apresentavam a doença de Alzheimer com o objetivo de desacelerar um pouco a sua progressão, mas que tem algumas limitações de uso.
Nova vacina
Pesquisadores da Escola de Medicina da Universidade Juntendo, no Japão, anunciaram, em julho deste ano, que a nova vacina em desenvolvimento para prevenir o declínio cognitivo da doença de Alzheimer teve resultados promissores em testes preliminares com camundongos.
A vacina busca, além de prevenir, atuar em pacientes já diagnosticados com o quadro, para interrompê-lo e conseguir retardar ou evitar a perda cognitiva, se diferenciando dos fármacos e de vacinas usuais, que atuam apenas na prevenção das doenças.
O mecanismo conseguiu intervir na formação das placas de proteína beta-amiloide no cérebro, a partir da aplicação de uma dose experimental em camundongos com o modelo da doença. Os animais passaram, também, a apresentar comportamentos saudáveis meses após a aplicação.
No entanto, esses resultados positivos são apenas um primeiro passo para a construção de uma solução para o Alzheimer. A pesquisa continua, buscando avançar para a fase de testes com humanos que, se bem sucedida, pode significar de fato uma eficácia da vacina para a população.
Além dos avanços com o tratamento, cientistas também buscam conhecer mais sobre a doença para, assim, encontrar o melhor jeito de tratá-la. No Reino Unido e na Bélgica, pesquisadores acreditam ter entendido como as células cerebrais morrem com o Alzheimer.
Publicado na revista Science na última quinta-feira (14), o estudo indica que acontece o processo de necroptose, uma espécie de “suicídio celular”, através da produção de uma molécula específica, chamada MEG3.
“Pela primeira vez temos uma pista sobre como e por que os neurônios morrem na doença de Alzheimer. Tem havido muita especulação nos últimos 30 a 40 anos, mas ninguém foi capaz de identificar os mecanismos", explicou Bart De Strooper, um dos pesquisadores responsáveis pelo estudo, em entrevista à BBC.
A nova descoberta preenche dúvidas importantes sobre a doença de Alzheimer. Para que ela tenha consequências práticas, no entanto, ainda são necessários alguns anos de pesquisa.