SAÚDE

Como identificar o Alzheimer precoce: versão da doença pode afetar pessoas a partir dos 30 anos

Doença considerada condição que afeta somente pessoas em idade avançada pode atingir público em idade precoce; entenda

Alzheimer precoce é diferente do Alzheimer comum.Créditos: Robina Weermeijer/Unsplash
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A doença de Alzheimer é geralmente associada à população idosa, mas especialistas indicam que a condição pode afetar pessoas a partir dos 30 anos de idade, fase precoce para o início da doença. 

Estima-se que 3,9 milhões de indivíduos em todo o mundo, entre 30 e 64 anos, sofram de doença de Alzheimer de início precoce. Em declaração pública, a jornalista britânica Fiona Phillips, de 62 anos, compartilhou que recebeu o diagnóstico da enfermidade.

Antes de receber o diagnóstico, ela relatou ter nevoeiro mental e ansiedade como principais sintomas. Ela também enfatizou as diferenças entre o Alzheimer precoce e tardio. O Alzheimer precoce se manifesta muito antes — em alguns casos raros, a partir dos 30 anos, mas geralmente na faixa dos 50 aos 64 anos.

Qual a diferença entre o Alzheimer comum e precoce?

O Alzheimer comum gera perda de memória, pensamento abstrato, repetição de perguntas, dentre outros sintomas; enquanto o Alzheimer precoce pode se manifestar de forma diferente cognitivamente, alterando a percepção espacial, a imitação de gestos manuais e a atenção.

Pessoas que desenvolvem a doença de Alzheimer precoce podem apresentar um aumento da ansiedade antes de receberem o diagnóstico, uma vez que elas percebem as mudanças que estão acontecendo, no entanto, não sabem a causa dessas diferenças.

O atraso da busca por ajuda médica pode ocorrer tendo em vista que elas podem acreditar que essas alterações comportamentais são passageiras. Não somente as pessoas, mas os profissionais de saúde podem acabar confundindo a ansiedade exacerbada com um sintoma de outras condições de saúde também.

Qual o risco?

Estudos sugerem que indivíduos que convivem com a doença de Alzheimer precoce têm mudanças mais aceleradas no cérebro, apesar de terem produzido menos prejuízo cognitivo no momento do diagnóstico. É um indicativo de que a doença tem potencial de ser mais severa do que a doença de Alzheimer tardia.

Quem é diagnosticado com Alzheimer de início precoce também tem possibilidade de reconhecer as mudanças na atividade cerebral. Isso pode levar a alterações comportamentais do indivíduo, como por exemplo o surgimento de quadros depressivos.

Segundo um estudo, o córtex parietal, que é responsável por processar as sensações e os movimentos do corpo, sofre mais lesões na fase inicial da doença de Alzheimer de início precoce. Já o hipocampo, que é essencial para o aprendizado e a memória, apresenta menos danos do que na forma tardia da doença.

O que leva ao Alzheimer precoce?

Os dois tipos de Alzheimer têm fatores de risco semelhantes, tais como menor capacidade cognitiva no início da idade adulta e baixos níveis de condicionamento cardiovascular, sendo relacionados a um risco oito vezes maior de desenvolver Alzheimer entre os 30 e 64 anos. Contudo, ainda não há uma certeza de todos os fatores que influenciam as chances de uma pessoa desenvolver a doença.

A herança genética influencia cerca de 10% dos casos de doença de Alzheimer de início precoce, aspecto que os especialistas confirmam. Três genes (APP, PSEN1 e PSEN2) foram relacionados à condição, até o momento.

Uma proteína tóxica chamada beta-amilóide pode estar por trás da doença de Alzheimer, segundo pesquisadores. Eles descobriram que alguns genes que afetam a produção dessa proteína se tornam defeituosos e causam um acúmulo de beta-amilóide no cérebro. Isso, por sua vez, pode desencadear os sintomas da doença, como perda de memória e confusão.

Evidências no campo sugerem que pode haver também uma ligação entre e doença de Alzheimer de início precoce e uma lesão cerebral traumática.

*Com informações de BBC News Brasil