TRATAMENTO ALTERNATIVO

Suplicy: Como a cannabis medicinal pode ajudar no tratamento de Parkinson

O petista, diagnosticado com a doença, defendeu o uso da planta em audiência pública

Eduardo Suplicy na ExpocannabisCréditos: Lucas Porto / Instagram Eduardo Suplicy
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Nesta terça-feira (19), o deputado estadual Eduardo Suplicy (PT-SP) revelou que foi diagnosticado com mal de Parkinson no final do ano passado. O petista disse, ainda, estar fazendo uso de cannabis medicinal como tratamento para a doença.

O momento da revelação não foi aleatório. Entre a manhã e o início da tarde desta terça, foi realizada, pela Comissão de Legislação Participativa da Câmara dos Deputados, uma audiência pública para tratar da regulamentação da cannabis para fins medicinais e terapêuticos no Brasil. Suplicy participou da mesa e contou sua experiência com o medicamento.

Além dele, entidades, representantes de associações e militantes pela regulamentação da cannabis foram ouvidos, além de um representante do Ministério da Saúde e do ministro do Desenvolvimento Agrário, Paulo Teixeira.

A audiência está relacionada à tramitação do Projeto de Lei 399, que busca permitir a produção de cannabis medicinal no Brasil. No Instagram, o deputado fez publicações pedindo que o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP), paute o PL.

“É fundamental que o Estado assuma um papel de garantir acesso”, disse a deputada Talíria Petrone, que comandava a audiência. Para isso, completa, é necessário haver produção local para diminuição dos preços e “acesso universal garantido pelo SUS, para que essas famílias [com menos renda e que necessitam da cannabis] possam ter algum conforto”.

Uso da cannabis contra o Parkinson

Suplicy toma cinco gotas de óleo de cannabis no café da manhã, outras cinco à tarde e mais cinco à noite. Seu caso da doença de Parkinson é leve.

O Parkinson é uma doença neurodegenerativa que afeta o sistema nervoso central. Os sintomas incluem tremores, rigidez muscular e dificuldade de movimento, causados pela perda progressiva de células nervosas produtoras de dopamina, um neurotransmissor responsável por levar informações do cérebro para as várias partes do corpo.

O deputado contou que “tinha um pouco de tremor nas mãos e uma dor muscular na perna esquerda” que melhoram com o uso da cannabis. “Estou me tratando com a cannabis medicinal desde fevereiro e posso dizer que estou me sentindo muito bem, continuo ativo, faço minha ginástica 3 vezes por semana”, brincou.

Suplicy explicou que “a cannabis não sara, mas traz uma melhor qualidade de vida para todos”.

Como o medicamento atua

De fato, a cannabis não promove uma grande melhora nos sintomas motores do Parkinson, mas atua em outros, como dor, insônia, ansiedade e depressão. Em alguns pacientes, pode melhorar, também, os tremores característicos da doença.

A cannabis medicinal, no caso do Parkinson, é um tratamento complementar ao tradicional, para contemplar os sintomas não melhorados pelos remédios convencionais. O termo “cannabis medicinal” se refere aos medicamentos feitos à base de canabidiol (CBD) e tetrahidrocanabinol (THC), duas das cerca de 500 substâncias da planta.

“A cannabis está provando na medicina uma revolução comparável com a descoberta da penicilina em 1928, pois é considerado o remédio do século XXI. É importante combater o estigma contra a cannabis”, destacou Suplicy durante sua fala na audiência.

O deputado falou ainda da importância de incentivar as pesquisas sobre cannabis nas universidades e que, “pensando na importância dessas pesquisas”, aceitou se submeter a um estudo de caso da Universidade Federal de Integração Latino-Americana (Unila).