O plantio de cannabis, a famosa maconha, por pacientes cadastrados e para fins medicinais foi aprovado pelo Superior Tribunal de Justiça na última quarta-feira (13). Embora a planta seja rica em ativos e substâncias que podem ser utilizados em diversos tratamentos, as propriedades da maconha não eram muito exploradas no Brasil, antes da decisão.
A cannabis começou a ser utilizada para auxiliar a medicina oriental na China, com a descrição de uso da planta datada para mais de dois mil anos antes de Cristo. A maconha já possuía a ação anti-inflamatória e analgésica atribuída a ela desde aquela época.
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As protagonistas pelos benefícios à saúde são as substâncias canabidiol (CBD) e tetrahidrocanabinol (THC). Com ações distintas no organismo humano, a cannabis pode ajudar pacientes que possuam o mal de parkinson, atletas de alta performance e até combater a epilepsia.
Doenças e condições que a cannabis pode auxiliar no tratamento
Autismo
Alguns estudos científicos já comprovaram que o CBD, substância sem ação psicoativa, pode ajudar pessoas que sejam diagnosticadas com Transtorno do Espectro Autista (TEA).
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Além da utilização para auxiliar questões psiquiátricas, o CBD também já se mostrou capaz de influenciar positivamente contra a epilepsia, uma condição frequentemente enfrentada por pessoas que possuem autismo.
No entanto, as pesquisas costumam levar em consideração pequenos grupos de pessoas e o preconceito mundial com a planta dificulta o aprofundamento desse tipo de estudo, portanto não há maiores informações sobre o potencial da cannabis para auxiliar pacientes com TEA.
Câncer
Alguns estudos estão analisando as funções de combate às células cancerígenas pela maconha medicinal. Este é o caso do Instituto Volcani, ligado ao Ministério da Agricultura de Israel, que conduz uma pesquisa sobre a utilização da maconha contra o câncer.
Os testes in vitro, até então, apresentaram bons resultados e a encarregada pelo estudo, a cientista Hinanit Koltai, acredita que, por conta da grande discriminação sobre a planta, o seu verdadeiro potencial de uso está longe de ser descoberto.
Alzheimer
Os especialistas da área da saúde consideram a cannabis medicinal uma possibilidade quando o assunto é terapia alternativa. Isso porque, embora os estudos ainda não sejam aprofundados o suficientes, há evidências de que o CBD é capaz de proteger as células nervosas e evitar o crescimento de proteínas relacionadas ao Alzheimer.
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) já liberava a utilização da cannabis para pacientes que sofrem com o mal de Alzheimer, desde 2015. A maconha afeta positivamente tanto os efeitos da maconha, como a condição psicológica e comportamental dos pacientes.
Dor crônica
Como já identificado pelos chineses há milhares de anos atrás, a medicina contemporânea percebeu os efeitos anti-inflamatórios e analgésicos atribuídos ao THC, presente na cannabis.
Por conta dessas propriedades, dores intensas são amenizadas quando a planta é utilizada para tratamento. Características como a melhora do bem-estar e até um ciclo do sono mais satisfatório são consequências do uso da maconha medicinal.
Transtorno de estresse pós-traumático (TEPT)
O transtorno estresse pós-traumático (TEPT) é uma condição psicológica após o indivíduo ter sido exposto a situações extremas, o que leva ao desenvolvimento de um trauma. O seu organismo começa a responder psico, emocional e fisicamente frente à essa experiência.
Devido aos benefícios que a maconha medicinal pode causar na saúde mental, a eficácia do canabidiol para o tratamento do estresse pós-traumático também é reconhecida.
Por conta das ações do canabidiol e da sua influência no sistema nervoso central, os sintomas do TEPT podem ser amenizados e diminuir com o tempo, pois o sistema endocanabioide acessado pelo CBD tem a possibilidade de agir nas respostas às memórias traumáticas.
Transtornos de Ansiedade
A utilização da maconha para o tratamento de transtornos de ansiedade é um tanto quanto polêmica. Isso porque é preciso que haja uma boa avaliação antes de iniciar esse tipo de terapia, uma vez que, dependendo da pessoa, os efeitos possam ser contrários ao esperado e causar ainda mais ansiedade.
Porém, testes em animais comprovaram que o canabidiol possui propriedades antidepressivas e ansiolíticas, o que ajuda na regulação do humor e aumenta o fluxo de neurotransmissores como a dopamina e a serotonina.
Além disso, o corpo humano possui o sistema endocanabinoide, onde o CBD interage e pode regular as respostas emocionais da pessoa.