Uma pesquisa recente realizada pelo Instituto Cactus, em parceria com a AtlasIntel, trouxe à luz preocupantes problemas de saúde mental entre os jovens brasileiros, especialmente aqueles com idades entre 16 e 24 anos. Os dados revelaram que essa faixa etária está entre as mais afetadas por questões de saúde mental, resultando em consequências como baixa autoestima, isolamento social e conflitos familiares.
O estudo, divulgado nesta sexta-feira (4), foi conduzido por meio de um questionário online e contou com a participação de 2248 pessoas, sendo 18.7% delas jovens, totalizando cerca de 400 jovens. Desses, a maioria é proveniente da região Sudeste do Brasil, representando aproximadamente 44% dos respondentes.
Te podría interesar
O índice utilizado para medir a saúde mental dos participantes foi o iCASM (Índice Cactus-Atlas de Saúde Mental), uma pontuação de 0 a mil criada para refletir numericamente algumas das dimensões que impactam positiva e negativamente a saúde mental dos indivíduos. No caso dos jovens entre 16 e 24 anos, o valor médio do iCASM foi de 534 pontos, ficando abaixo da média nacional que é de 635 pontos. Esse índice foi o menor registrado entre todas as categorias por faixa etária.
Segundo Luciana Barrancos, gerente executiva do Instituto Cactus, o objetivo do levantamento é identificar comportamentos, hábitos e preocupações específicas dos jovens relacionadas à saúde mental, a fim de criar soluções que atendam às necessidades desse grupo.
Te podría interesar
Os resultados da pesquisa apontam que problemas de saúde mental têm impactos significativos na vida dos jovens entrevistados. A grande maioria (78%) relatou ter se sentido feia ou pouco atraente nas últimas duas semanas anteriores à coleta de dados. Dentre esses, 73% também disseram se sentir pouco inteligentes e quase metade (45%) afirmou não ter saído com amigos nesse período. Tais percepções estão associadas a questões importantes de saúde mental, uma vez que aqueles que relataram baixa autoestima também apresentaram baixo interesse e prazer nas atividades do dia a dia (80%), bem como sensação de cansaço e falta de energia (90%). Além disso, uma parcela significativa indicou ter tido conflitos familiares durante o período da pesquisa (70%).
O estudo também revelou que os jovens entrevistados utilizam mais a psicoterapia em comparação com outros grupos (7,6% contra 5,1%), porém, fazem menos uso de medicamentos de uso contínuo (9,4% contra 16,6%). Embora não tenha sido avaliado se uma porcentagem maior de jovens precisaria de intervenção medicamentosa, esse dado indica uma maior busca por tratamentos não farmacológicos.
Dados do Unicef indicam que quase 16 milhões de jovens entre 10 e 19 anos na América Latina têm algum transtorno mental, equivalendo a cerca de 15% dessa faixa etária.
Embora os dados deste estudo sejam preocupantes, especialistas concordam que são necessárias mais pesquisas para compreender melhor as causas subjacentes dos problemas de saúde mental enfrentados pelos jovens brasileiros. Essa compreensão mais aprofundada é essencial para desenvolver estratégias eficazes de intervenção e suporte, a fim de melhorar o bem-estar emocional e mental dessa importante parcela da população brasileira.