Após a cirurgia de transplante de coração a qual Fausto Silva, o Faustão, foi submetido neste domingo (27), diversas publicações nas redes sociais questionaram a rapidez com que o apresentador conseguiu um órgão compatível.
Para esclarecer o funcionamento da fila de espera, do apresentador, João Silva, compartilhou em suas redes sociais (veja aqui) uma postagem feita por um médico especializado no processo de doação de órgãos, que explica detalhadamente como é organizada a lista de espera.
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A postagem é acompanhada por uma série de tweets feitos pelo médico Pedro Carvalho, que esclarece todo o processo, desde a inclusão na lista até a cirurgia de transplante.
Não é fila e sim lista
O médico esclarece que chamar de 'fila' é inadequado e que o termo 'lista' é mais preciso.
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Por quê? Porque existem vários critérios para realizar um transplante, e a gravidade do paciente é o principal deles. Uma pessoa que esteja à beira da morte sem o transplante será priorizada em relação a alguém que está na lista há mais tempo. Além disso, o doador pode não ser compatível (tipo sanguíneo, painel de anticorpos) com um paciente, então a lista é atualizada até encontrar um receptor. Claro que, para pacientes em situação clínica similar, o tempo de espera influencia na decisão.
Carvalho enfatiza que a documentação para a doação é "extremamente rigorosa", envolvendo "testemunhas" e "cópias de documentos pessoais", e que a "família é informada de tudo".
A doação é anônima: uma família que opta pela doação não sabe para quem está doando. Isso garante sua segurança e, principalmente, a do receptor. É possível descobrir quem recebeu? Sim, mas não pelo sistema de transplantes. As condições clínicas do receptor afetam a possibilidade de doação. Alguém pode estar tão debilitado que não aguente a cirurgia.
O médico lamenta a existência de "mitos urbanos" sobre o processo e pede às pessoas que evitem "suposições ou acusações irresponsáveis de burla de fila ou motivações ocultas".
Apesar de ter o maior sistema do mundo, o Brasil tem um número de doadores muito abaixo do necessário, e essas acusações afetam MUITO o processo de doação", explica. "Por fim e mais importante: conversem com suas famílias sobre o desejo de ser doador, caso algo aconteça. NÃO É PRECISO ASSINAR DOCUMENTOS. No Brasil, a decisão final cabe à família, mas geralmente respeita-se a vontade da pessoa falecida.
Ministério da Saúde esclarece como funcionam os transplantes de órgãos
O Ministério da Saúde também aproveitou o caso do Faustão para esclarecer como funciona o sistema de transplantes de órgãos do SUS. Na sequência de postagens, a pasta informa que o Brasil tem o maior sistema público de transplantes de órgãos no mundo, o que é motivo de orgulho. "A lista para transplantes é única e vale tanto para os pacientes do SUS quanto para os da rede privada", diz o post.
Toda a estrutura é gerenciada pelo Ministério da Saúde, que assegura que cirurgias de alta complexidade sejam realizadas para pacientes da rede pública e privada, em situação de igualdade.
O ministério explica quais os critérios da lista de espera por um órgão adota critérios técnicos, em que tipagem sanguínea, compatibilidade de peso e altura, compatibilidade genética e critérios de gravidade distintos para cada órgão determinam a ordem de pacientes a serem transplantados.
Quando os critérios técnicos são semelhantes, a ordem cronológica de cadastro, ou seja, a ordem de chegada, funciona como critério de desempate. Pacientes em estado crítico são atendidos com prioridade, em razão de sua condição clínica.
No caso do apresentador Fausto Silva, em razão de seu estado grave de saúde, ele recebeu um coração após constatada a compatibilidade necessária para o procedimento.
Além de Faustão, só na última semana, entre 19 e 26 de agosto, foram realizados 11 transplantes de coração no país, sendo sete no estado de São Paulo, unidade da federação com maior volume de transplantes, informa o ministério.
No primeiro semestre de 2023, foram realizados 206 transplantes de coração no Brasil, o que representa aumento de 16% em relação ao mesmo período do ano passado.
Todos os pacientes que realizam transplantes por meio do SUS recebem assistência integral, equânime, universal e gratuita, incluindo exames preparatórios, cirurgia, acompanhamento e medicamentos pós-transplante.