GRAVIDEZ

Pílula do dia seguinte: entenda sua eficácia e quando pode falhar

É preciso ter atenção ao tomar o medicamento considerado um método de emergência para prevenir gravidez

Pílula do dia seguinte: entenda sua eficácia e quando pode falhar.Créditos: Pixabay
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Inaugurada no Brasil em 1999, a pílula do dia seguinte é um método de emergência que tem o objetivo de prevenir gestações não planejadas em situação em que mulheres tiveram relações sexuais desprotegidas, o método contraceptivo falhou ou em casos de violência sexual. Trata-se de um método seguro, pois raramente apresenta efeitos colaterais severos.

O comprimido contém uma alta dose de hormônios sintéticos que impedem ou atrasam a ovulação - único período do ciclo menstrual em que uma mulher pode engravidar. Além disso, a pílula do dia seguinte também dificulta a locomoção dos espermatozóides para o aparelho reprodutor feminino, evitando a fecundação e consequentemente, a gravidez.

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Taxa de eficácia e de falha 

Para ter maior tranquilidade sobre o método é preciso conhecer sua taxa de eficácia. Segundo especialistas, se administrada nas primeiras 24 horas depois da relação sexual, a pílula apresenta melhor eficiência

Isso é o que indicia um dos grandes estudos sobre o fármaco, que contou com a participação de 1.955 mulheres e foi publicado pela The Lancet, uma importante revista de medicina.

Os resultados observados foram: 

  • 99,5% de eficácia se usado nas primeiras 12 horas
  • 95% entre 13 e 24 horas
  • 85% quando consumido entre 25 e 48 horas
  • 58%, entre 49 e 72 horas

Portanto, quanto mais perto da relação sexual a pílula for usada, maior será seu efeito na prevenção da gravidez. Um intervalo maior aumenta a chance de fecundação.

Outro ponto importante na análise da pílula do dia seguinte é sua taxa de falha. Dados divulgados pelo Ministério da Saúde no documento Anticoncepção de Emergência — Perguntas e Respostas para Profissionais de Saúde, calcularam o chamado índice de Pearl  - ou índice de falha.

O cálculo é feito com o número de gestações concretizadas por 100 mulheres que utilizam o método no período de um ano. A pesquisa estimou que o índice seja de cerca de 2%, em média.

Já na análise de gestações prevenidas pela pílula do dia seguinte, o cálculo foi entre 75% e 85% de eficácia, ou seja, o medicamento poderia prevenir pelo menos três de cada quatro gestações decorrentes de uma relação sexual desprotegida.

Casos em que a taxa de falha é maior

Primeiro, é preciso considerar a fase do ciclo menstrual da mulher. Se a relação sexual aconteceu logo antes ou logo após a ovulação, a chance de engravidar é maior

Outro fator considerado, porém sem consenso no meio científico, é o peso. Análises sugerem que mulheres que sofrem com obesidade e apresentam um índice de massa corpórea (IMC) superior a 30 kg/m2 teriam mais chances de engravidar usando a pílula do dia seguinte em comparação com mulheres com um IMC considerado médio (18,5 a 24,9 kg/m2).

Alguns pesquisadores chegaram a essa hipótese depois de um experimento realizado com 6.873 mulheres  em quatro ensaios randomizados realizados entre 1993 e 2010. Na primeira análise, a taxa geral de gravidez foi baixa (1,2%). Já quando as mulheres foram agrupadas de acordo com o IMC, o percentual subiu para 2% entre as mulheres que apresentam obesidade.

Porém, para se afirmar essa teoria, são necessários mais estudos, visto que essas análises tinham uma mostra muito pequena de participantes obesas, o que impossibilitou afirma com clareza a influência do peso na eficácia da pílula do dia seguinte.

Diferença entre os tipos de pílula

dois métodos principais de anticoncepção de emergência: o método de Yuzpe e o levonorgestrel.

O primeiro utiliza anticonceptivos orais combinados de uso rotineiro em planejamento familiar e conhecidos como “pílulas anticoncepcionais”. Esse método consiste na administração de pílulas combinadas de estrogênio e progestágeno sintéticos, administradas até cinco dias após a relação sexual desprotegida. Sua taxa média de prevenção é de 57%.

Já o levonorgestrel usa exclusivamente o progestágeno e tem uma taxa de prevenção de 85%. Esse método também é isento de efeitos colaterais e contraindicações relativas. 

*Os dados são do estudo Anticoncepção de Emergência, publicado pelo Ministério da Saúde.