RISCO À SAÚDE

Por que ingerir muito álcool em um curto intervalo de tempo pode ser fatal

Em vídeo que viralizou na web, o “binge drinking” foi a causa da morte de um homem que ingeriu garrafa de cachaça de uma só vez

Apesar de legalizado, o consumo de bebidas alcoólicas pode ser fatal..Créditos: Pixabay
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Em Goiás, um trabalhador rural de 42 anos foi encontrado morto na calçada de um bar no último domingo (16), após ingerir, de uma só vez, um litro de cachaça. O momento foi registrado em vídeo. O acontecimento suscita questões: qual o limite que uma pessoa pode ingerir de álcool? E quais as consequências de ultrapassar essa marca?

Beber Pesado Episódico

O consumo excessivo de bebidas alcoólicas em um curto período de tempo é chamado formalmente de Beber Pesado Episódico (BPE), ou beber em binge (do inglês, binge drinking). Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), o BPE acontece quando há o consumo de 60g ou mais de álcool puro em uma única ocasião, pelo menos uma vez no último mês. Isso é o equivalente a, em um intervalo de duas horas, homens consumirem cinco doses de bebida e mulheres, quatro.

De acordo com o Centro de Informações sobre Saúde e Álcool (Cisa), uma das referências sobre o tema no Brasil,  esse comportamento está relacionado a um maior risco de prejuízos imediatos, como amnésia alcoólica, quedas, envolvimento em brigas, acidentes de trânsito, sexo desprotegido e intoxicação alcoólica. Se frequente, o BPE pode aumentar o impacto negativo do álcool em diversos órgãos e sistemas, como no trato gastrointestinal, fígado, pâncreas, sistema nervoso e sistema cardiovascular.

No entanto, essa não é uma conta exata, já que o organismo de cada pessoa vai reagir de maneira diferente ao consumo. Fatores como tolerância, velocidade de ingestão e absorção – que é mais rápida em um estômago vazio – e o tipo de bebida – se ela tem um maior teor alcoólico, vai ser absorvida mais rapidamente – interferem no cálculo.

Quando o corpo não consegue metabolizar o álcool consumido, como no caso do BPE, ele entra em um estado de intoxicação aguda. Pensamento demorado, suscetibilidade emocional, comportamento desinibido, euforia ou depressão, agitação, convulsão, andar instável, tremores, náuseas, vômito, hipotermia, vermelhidão ou palidez, fraqueza muscular e coma são os principais sintomas.

O coma alcoólico é a consequência imediata de maior seriedade. Com a consciência rebaixada, uma área do cérebro afetada pelo efeito tóxico do álcool pode desligar funções vitais, levando a pessoa à morte. Outra opção fatal é a aspiração de vômito, já que o álcool é um irritante da mucosa gástrica. Se o vômito acontece quando a pessoa está inconsciente, por exemplo, ela pode acabar aspirando essa substância, que entra nos pulmões, causando uma parada respiratória.

Quem precisa se preocupar

O risco de morte por ingestão de bebida alcoólica não existe apenas para aqueles considerados alcoólatras. O hábito de beber em excesso é prejudicial por si só e está relacionado a lesões, doenças graves e aumento do risco de transtorno por uso de álcool. No caso do BPE, os jovens são uma das faixas etárias mais afetadas, revelam alguns estudos.

A OMS alerta que não existe um nível seguro para o uso de bebidas alcoólicas, visto que mesmo pequenas doses ainda podem estar associadas a riscos significativos. Mas eles são ainda maiores se houver um consumo superior a 20g por dia ou se não deixar de beber pelo menos dois dias na semana. No caso de pessoas com maior predisposição para desenvolver doenças hepáticas ou vulnerabilidade genética para dependência do álcool o agravante é ainda maior.