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‘Síndrome de Succession’: Conheça a doença dos super-ricos

Narcisismo, abuso de substâncias e depressão são alguns dos sintomas que acometem os ricaços como a família Roy

A série sucesso de público e crítica estreou em 2018 e chegou ao fim em maio deste ano..Créditos: Divulgação/HBO
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Na aclamada série “Succession”, da HBO, Logan Roy é um magnata das comunicações, à frente do maior conglomerado de mídia do mundo, além de ser um homem grosso, insensível e abusivo, inclusive com seus filhos, Connor, Kendall, Roman e Shiv. Os quatro desenvolvem pelo pai uma mistura de medo e fascinação e brigam para ver quem assumirá a chefia da empresa após o patriarca.

A série é vencedora de sete Emmys e lidera as indicações da cerimônia deste ano, com incríveis 27 menções. A família Roy caiu nas graças do público, mas seus dilemas não são apenas ficcionais. Especialistas afirmam que os personagens exibem comportamentos típicos de pacientes com transtorno de personalidade narcisista, histórico de abuso de substâncias, ansiedade e depressão. E esses comportamentos são tão recorrentes em pessoas provenientes de famílias ricas da vida real que uma clínica de saúde mental de luxo, com filiais em Londres e Zurique, começou a classificar a junção dessas condições psíquicas nessa classe social como “Síndrome de Succession”. As informações são da BBC.

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A definição da “Síndrome de Succession” foi elaborada pelos profissionais da clínica Paracelsus Recovery com base em observação dos pacientes e também em pesquisas já realizadas sobre o tema. Ela é caracterizada por uma série de doenças mentais como ansiedade, depressão, transtorno de personalidade narcisista e por vezes bipolaridade, abuso de álcool e outras substâncias. Cerca de 40% dos pacientes provenientes de famílias extremamente ricas atendidos pela clínica sofrem da condição.

Mas por que justamente os super-ricos?

“Todas essas questões são resultado de dinâmicas familiares específicas, comuns a quem cresce em ambientes de extrema riqueza e sucesso", explica Jan Gerber, fundador e CEO da clínica, em entrevista à BBC. É difícil pensar que pessoas tão privilegiadas desenvolvam tantos problemas, mas uma espécie de abandono parental é uma realidade para aqueles que crescem nesse meio, já que muitas vezes são criados por babás ou em colégios internos.

O ambiente familiar é substituído por um ambiente de negócios, como em "Succession". Assim, eles desenvolvem um medo profundo de falhar e demonstrar fraqueza. Além disso, segundo os psicólogos, é comum que casos de nepotismo provoquem sentimentos de inferioridade e inadequação entre aqueles que são beneficiados pelos laços familiares.

Os problemas são tão recorrentes que termos semelhantes já foram cunhados para definir o comportamento de filhos que crescem em lares extremamente ricos, a chamada “síndrome da criança rica” ou “ricopatia”.

Paralelos com a série

A “Síndrome de Succession” não se chama assim à toa. Seus sintomas podem ser observados nos três filhos protagonistas, que, de fato, disputam o conglomerado do pai, e por isso estão mais suscetíveis à síndrome.

Kendall, o filho mais velho do segundo casamento e aquele a quem sempre foi prometido o império, oscila entre grandiosidade e narcisismo, o que o torna extremamente vulnerável, além de abusar de substâncias. Já Shiv, a única mulher, sofreu nas mãos de um pai machista e agora apresenta um extremo desprezo pelos sentimentos alheios, enquanto o filho caçula, Roman, tem dificuldade de se conectar com outras pessoas e manter relacionamentos amorosos. Todos se sentem inadequados e inferiores, e vivem em constante competição, inclusive incentivados pelo pai.