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Saiba qual é a melhor música para se concentrar, segundo neurocientista de Harvard

Músicas clássicas de Beethoven, Mozart ou Bach não são as que ajudam necessariamente na concentração; veja o que dizem estudos

Música melhora a concentração.Créditos: Christina @ wocintechchat.com/Unsplash
Escrito en SAÚDE el

A influência da música no cérebro humano é um tema de grande interesse científico. Estudos mostram que a música pode ativar diversas áreas e redes cerebrais e também pode ter efeitos benéficos na saúde mental e cognitiva, reduzindo estresse, ansiedade e depressão. Além disso, ela pode auxiliar na recuperação de pacientes com doenças neurológicas.

Uma das formas de melhorar a concentração é ouvir música enquanto estuda ou trabalha. Mas qual é a melhor música para esse fim? Segundo o psiquiatra e pesquisador do cérebro da Universidade de Harvard, Srini Pillay, a resposta pode surpreender: não é necessariamente a música clássica, como comumente se pensa.

“A música é tão diversa quanto as pessoas”, afirma Pillay, À CBN ele diz que "a música não é apenas entretenimento - ter a música em segundo plano pode ajudar as pessoas a se concentrarem melhor, mesmo que alguém tenha problemas de atenção ou distúrbio de hiperatividade".

Em 2021, o estudo “O efeito da música de fundo preferida no foco da tarefa na atenção sustentada” demonstrou que “a música de fundo aumenta os estados de concentração da tarefa em comparação com o silêncio”. De acordo com pesquisadores, “quando se trata de aumentar a capacidade intelectual, não existe um gênero que sirva para todos”.

“Como músico e neurocientista em Harvard, descobri que 'música para a família', ou as músicas que todos gostam e conhecem melhor, são as mais eficazes para maximizar a concentração", disse Pillay. Ou seja, a música escolhida para a concentração depende inteiramente do indivíduo e de como ele responde.

Os autores de um trabalho publicado em 2020, Luca Kiss e Karina J. Linnell, do Universidade Goldsmiths de Londres, ressaltam que quando a música era tocada de fundo, as divagações mentais diminuíram e relatos de foco nas tarefas aumentavam. “Curiosamente, todo o aumento no foco da tarefa pode ser explicado pela diminuição da divagação da mente, e a música não afetou a distração externa”, dizem os autores.

A lista de reprodução ideal para concentração ideal

Um outro estudo de 2018 citado por Pillay apurou que a ‘música familiar’ ativa muitas das regiões cerebrais responsáveis pelo movimento, tornando a abordagem de "corpo inteiro".

Conforme o neurocientista, isso significa que é possível que haja um ritmo aprendido em todo o corpo ao cantar e senti-la. “Isso significa que posso cantar e sentir um ritmo aprendido em meu corpo. Como já ouvi a música antes, tenho o prazer de antecipar o que se seguirá”.

Quando é necessário se concentrar, a música familiar ajuda a aliviar o estresse e se conectar com as próprias emoções, dando a sensação de estar totalmente no presente, segundo ele.

Em seu caso, ele exemplificou:

- Se estou com raiva ou agitado, posso curtir "Smells Like Teen Spirit" do Nirvana.

- Se estou reprimindo a tristeza de uma perda e não tenho mais energia para me concentrar, ouço “Adagio in G Minor” de Albinoni.

- Se estou estressado, posso escolher algo que me acalme, como “Flowers”   de Miley Cyrus ou “Big Green Tractor” de Jason Aldean.

- Se eu estou com raiva de alguma coisa e preciso deixar ir, eu poderia ouvir “Lose Yourself” do Eminem.

“Vários estudos mostraram que o prazer de ouvir segue uma curva em forma de U", Pillay especificou: "Primeiro aumenta, mas depois de um tempo, uma vez que o cérebro se acostuma, as performances reduzem".

Canções como “I’m Yours” de Jason Mraz ou “Love on Top” de Beyoncé, influenciam mais positivamente a aprendizagem, músicas “suave-rápidas”, indicam um grupo de pesquisadores referido por Pillay.

Enquanto isso, músicas “alto-rápidas”, “suaves-lentas” e “altas-lentas” tendem a dificultar o aprendizado, de acordo com os mesmos estudos. A música instrumental também pode ser menos perturbadora do que a música com letras.

Qual é a relação entre a música “familiar” e o cérebro

"Existem muitas maneiras pelas quais a música pode afetar a capacidade do cérebro de se concentrar", disse Pillay neste ponto, acrescentando: "Um mecanismo é diminuir o estresse e o cortisol, o que permite que o centro de foco do cérebro funcione" continuamente".

"No cérebro, os centros de concentração estão diretamente ligados às regiões que processam as emoções, então qualquer música que torne uma pessoa emocionalmente mais volátil pode interromper sua concentração", explicou o especialista, para quem, por outro lado, "Quando os sentimentos são emoções negativas reprimidas permanecem no cérebro”. “E por mais que se esforce, a pessoa vai perdendo a capacidade de concentração. Portanto, se a música ajuda a conectar-se com as emoções, também pode ajudá-lo a pensar com mais clareza."

Professora associada de musicoterapia na Temple University na Filadélfia, Estados Unidos, a Dra. Wendy Magee é uma das profissionais mais reconhecidas mundialmente nesta disciplina terapêutica, e destacou em entrevista ao portal Infobae que "a musicoterapia é uma disciplina que permite trabalhar com pessoas que tenham algum problema motor, cognitivo ou sensorial; e pode ser praticada ao longo da vida”.

Em sessões de musicoterapia eles utilizam a música de formas diversas. “Uma variedade de músicas é usada, mas especialmente aquela que é muito particular para o paciente. Às vezes procuramos ver que a pessoa está tentando mexer a boca para dizer 'alô', ou que está chorando porque está ouvindo sua música favorita, ou que vira a cabeça para onde vem a melodia como resposta. Estamos sempre buscando, mesmo que seja, uma pequena resposta”, destacou.

Uma associação direta entre gostar e reconhecer existe, conforme apontaram os estudos. “Considerando as descobertas anteriores, agora está claro que os ouvintes tendem a gostar da música de que se lembram e a se lembrar da música de que gostam”.

*Com informações de Infobae