ENTENDA

Tem ansiedade? Estudos avaliam o risco das crises

Pesquisa feita este ano pelo periódico European Journal of Preventive Cardiology analisou dados de saúde de mais de 6,5 milhões de pessoas

Estudos avaliam os riscos da ansiedade.Créditos: Liza Summer/Pexels
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Muitas pessoas relatam ter sensações desagradáveis ao ter um quadro forte de ansiedade, como ondas de calor pelo corpo, tremores, palpitações no peito, sudorese e falta de ar. Quem sofre constantemente com esses problemas, têm a possibilidade de desenvolver problemas cardiovasculares fatais, o que é uma das possibilidades de risco da ansiedade.

“O sistema nervoso simpático [responsável pelas alterações no organismo em situações de estresse ou emergência] fica muito ativado quando se tem crises de ansiedade, ou pânico, e por conta da liberação de hormônios, como cortisol e principalmente adrenalina, pode se ter um aumento preocupante da pressão arterial e da frequência cardíaca”, segundo o médico pela UFBA e neurocirugião, Júlio Barbosa

Uma pesquisa recente publicada no periódico European Journal of Preventive Cardiology estudou os dados de saúde de mais de 6,5 milhões de pessoas, acerca dos riscos de desenvolver infarto do miocárdio e AVC.

As informações utilizadas para o estudo foram do Serviço Nacional de Seguro de Saúde Coreano, que incluíam pessoas da faixa-etária de 20 a 39 anos examinadas entre 2009 e 2012 e sem histórico de derrame e infarto. Os resultados mostraram que mais de 13% dos participantes tinham ao menos um transtorno mental: 47,9% tinham ansiedade; 21,2% tinham depressão e 20% tinham insônia.

Todos os participantes foram acompanhados até o mês de dezembro de 2018 e foram registrados 10.500 AVC e mais de 16 mil infartos do miocárdio, durante o tempo de oito anos. 

A porcentagem de 58% de risco de ter um infarto do miocárdio ficou com pessoas que tinham um transtorno mental e 42% de ter AVC em pessoas que não apresentaram nenhum tipo de transtorno. Entre os que tinham risco mais baixo, a ansiedade estava presente, porém ainda maior quando comparado às pessoas sem diagnóstico.

Segundo os dados, os riscos de ter um infarto foram:

  • 3,13 vezes maiores em quem tinha transtorno do estresse pós-traumático; 
  • 2,61 vezes maiores em quem tinha esquizofrenia; 
  • 2,47 vezes maiores em quem tinha transtorno de abuso de substâncias; 
  • 2,4 vezes maiores em quem tinha transtorno bipolar; 
  • 2,29 vezes maiores em quem tinha transtorno de personalidade; 
  • 1,97 vezes maiores em quem tinha transtorno alimentar; 
  • 1,73 vezes maiores em quem tinha insônia; 
  • 1,72 vezes maiores em quem tinha depressão; 
  • 1,53 maiores em quem tinha ansiedade.

De ter AVC:

  • 3 vezes maiores em quem tinha transtorno de personalidade; 
  • 2,95 vezes maiores em quem tinha esquizofrenia; 
  • 2,64 vezes maiores em quem tinha transtorno bipolar; 
  • 2,44 vezes maiores em quem tinha transtorno de abuso de substâncias; 
  • 1,6 maiores em quem tinha depressão; 
  • 1,45 vezes maiores em quem tinha insônia; 1,38 vezes maiores em quem tinha ansiedade

O psiquiatra e diretor do IPP (Instituto de Psiquiatria Paulista), Henrique Bottura, que não teve relação com o estudo publicado, faz uma ressalva de que não são os transtornos mentais em si que geram fatalidade. "Na verdade, eles contribuem para uma agressão às artérias que leva a eventos cardiovasculares", afirma.

Nem sempre os sintomas representam um fator de risco, pois se muitos problemas de saúde podem se suceder de transtornos de ansiedade, há possibilidade de ocorrer o inverso também. A ansiedade pode ser uma resposta de diversas doenças, como hipertireoidismo, asma e insuficiência cardíaca.

Texto produzido com informações do VivaBem, da UOL