A incidência de doenças crônicas entre pessoas pretas é 50% maior do que entre pessoas brancas. Isso é o que aponta o Estudo Longitudinal de Saúde do Adulto (Elsa-Brasil), realizado pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), da Universidade de São Paulo (USP) e das universidades Federais de Minas Gerais (UFMG), do Espírito Santo (Ufes), da Bahia (UFBA) e do Rio Grande do Sul (UFRGS).
Ao longo de 15 anos, a Elsa observou a ocorrência de quadros como diabetes, hipertensão e obesidade entre indivíduos pretos, pardos e brancos, e constatou que em todos os casos, pessoas pretas e pardas são as maiores vítimas.
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De acordo com o estudo, para cada grupo de dez pessoas brancas com seis ou mais condições crônicas, havia 13 pessoas pardas e 15 pretas. Dentro do recorte racial, a pesquisa também revelou que as mulheres pretas são as principais vítimas.
Outro dado mostra desigualdades no óbito: para cada dez mulheres brancas que faleceram, morreram cerca de 14 mulheres pardas, 17 mulheres pretas, 30 homens pardos, 37 homens pretos e 17 homens brancos.
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Desigualdade social
Para o Elsa-Brasil, a desigualdade social é um dos principais fatores que explicam essa diferença no quadro de saúde. Os dados mostram que 73% das mães dos participantes pretos e 65% das mães de pardos não frequentaram a escola ou possuíam ensino fundamental incompleto. Já entre os participantes da pesquisa, os brancos eram os mais escolarizados: 68% das mulheres brancas e 66% dos homens brancos possuíam ensino superior completo.
Além da escolaridade, outro fator é a segregação espacial. Participantes pretos e pardos viviam em áreas mais segregadas economicamente do que participantes brancos. Viver nessas áreas está relacionado a maior chance de hipertensão e diabetes, afirmam os pesquisadores.
Entre as principais doenças que afetam a população negra, estão diabetes, que atinge 27,7% do grupo; hipertensão (48,3%) e doenças renais crônicas, que afetavam 11,1% dos participantes negros.