Lívia Lovato Pires de Lemos, pesquisadora e doutora em saúde pública pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), realizou um estudo que aponta que mulheres negras possuem menos chances de sobreviver ao câncer de mama.
A pesquisa, defendida como tese de doutorado, chamada “Diagnóstico em estágio avançado do câncer de mama na América Latina e Caribe e sobrevida das mulheres tratadas para essa doença pelo Sistema Único de Saúde segundo raça/cor”, aponta que o índice não está relacionado ao fator biológico, mas social – o racismo estrutural afeta essa parcela da população através da falta de acesso a tratamentos para o câncer de mama e, quando acessado, costuma ser precário.
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"Ter cor de pele preta não é fator de risco para o câncer de mama, mas carrega marcadores de risco, como a condição socioeconômica", explicou Lívia para o portal UOL.
A denúncia da desigualdade social e racial é exposta por meio da pesquisa, uma vez que a taxa de pobreza entre pessoas pretas e pardas é duas vezes maior quando comparada às pessoas brancas no Brasil, de acordo com o estudo de Desigualdades Sociais por Cor ou Raça no Brasil, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
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A falta de acesso às condições básicas de sobrevivência, como comida, moradia, educação, saneamento básico e saúde, é um racismo velado que permeia o país, tão ou mais grave que as discriminações raciais diárias enfrentadas pela população negra.
Os dados da pesquisa apontam que, no Brasil, 74% das pacientes brancas de câncer de mama possuem chance de sobrevida, enquanto essa taxa, para mulheres negras, é de 64%.
Outra relação exposta pela tese é de que o número das mulheres negras que são diagnosticadas tardiamente também é maior, passando pela descoberta da doença, normalmente, em estágio avançado.