A primeira vacina contra chikungunya está sendo testada no Brasil em ensaios clínicos comandados pelo Instituto Butantan. Na última quinta-feira (9), o imunizante foi aprovado nos Estados Unidos pela FDA (Food and Drug Administration, agência que regula alimentos e medicamentos no país).
Segundo o Instituto Butantan, o imunizante produziu anticorpos neutralizantes em 98,8% dos adolescentes que participaram do ensaio clínico. O Butantan, órgão vinculado à Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo, também foi um dos desenvolvedores da vacina, em parceria com a empresa de biotecnologia franco-austríaca Valneva.
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Butantan faz ensaios clínicos
Esses são os primeiros testes da vacina em um país em que a doença é endêmica. A chikungunya é transmitida pelo mesmo mosquito da dengue, o Aedes aegypti, e pode causar sintomas como febre, manchas na pele e dores nas articulações, tão fortes e duradouras que seu nome, na língua africana Makondé, significa “curvar-se de dor”.
Participam dos testes realizados pelo Butantan, e divididos em três fases, 750 adolescentes de 12 a 17 anos, das cidades de São Paulo, São José do Rio Preto (SP), Salvador (BA), Fortaleza (CE), Belo Horizonte (MG), Laranjeiras (SE), Recife (PE), Manaus (AM), Campo Grande (MS) e Boa Vista (RR). Todos vivem em áreas com grande incidência do vírus.
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Dos 750 voluntários, 500 receberam uma dose do imunizante e 250 tomaram um placebo, compondo o chamado grupo controle. Após 29 dias da aplicação, uma análise da resposta imune foi feita.
Dos que já haviam se contaminado com o vírus da chikungunya, 100% desenvolveram anticorpos. O número caiu menos de dois pontos percentuais entre aqueles que nunca tiveram a doença, 98,8%.
O Butantan espera que, com os resultados apresentados, a vacina seja enviada para autorização da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) ainda no primeiro semestre de 2024. O Instituto afirma ainda que, com a possível aprovação, o imunizante será produzido no Brasil e distribuído pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
Vacina aprovada nos EUA
A FDA aprovou a vacina contra chikungunya nos Estados Unidos após dois ensaios clínicos que englobaram milhares de pessoas. O órgão afirmou em nota que a doença "é uma ameaça emergente para a saúde mundial, com pelo menos cinco milhões de casos de infecção".
Esse foi o primeiro imunizante aprovado contra a doença e será comercializado com o nome Ixchiq, apenas para pessoas com mais de 18 anos que estão mais expostas ao vírus.
A vacina consiste em uma versão atenuada do vírus da chikungunya e será administrada em dose injetável. Segundo a FDA, o imunizante apresentou efeitos colaterais graves em poucas pessoas, com casos mais comuns sendo de dores de cabeça ou musculares, fadiga e náuseas.