A Organização Mundial da Saúde (OMS) emitiu um alerta preocupante: a dengue será uma das maiores ameaças para Estados Unidos, Europa e África ainda nesta década. A doença já tem despertado muita preocupação em grande parte da Ásia e da América Latina, causando cerca de 20 mil mortes por ano.
As taxas da doença têm crescido oito vezes em todo o mundo desde 2000. O médico infectologista Marcos Caseiro explica quais são as principais causas do avanço significativo da dengue no planeta.
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“Eu tenho falado muito sobre isso. Em relação a Estados Unidos e Europa, principalmente, esses aumentos climáticos de 1 grau, 1,5 grau e até 2 graus têm provocado a expansão do vetor que é o Aedes aegypti”, afirma Caseiro.
“Toda a área de Miami, no Sul dos Estados Unidos, está completamente infestada por Aedes albopictus e Aedes aegypti, ambos transmissores de dengue (embora o aegypti seja o mais importante), chikungunya, zika e febre amarela urbana. O Sul da Europa, como Grécia e Itália, também está totalmente infestado pelo mosquito”, revela.
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Isso, segundo o médico, mostra que está havendo uma expansão do vetor Aedes, “um mosquito absolutamente adaptado ao domicílio. Ele se adaptou de uma maneira impressionante. Isso se chama sinantropia, que é a capacidade desses animais de se adaptarem ao convívio humano”, explica.
“Por causa das alterações climáticas, como aumento da temperatura, aumento de chuvas, esse vetor está se proliferando. E com o aumento do vetor, obviamente, aumentam as doenças transmitidas por ele. E a dengue é o maior problema do planeta. São quatro tipos diferentes de dengue, o que faz com que a pessoa possa ter dengue quatro vezes”, destaca.
Caseiro alerta: “Esse é um problema que o mundo vai enfrentar, certamente, o que já era previsível. É o que nós chamamos de transição epidemiológica, o momento em que se tem essas mudanças climáticas e as doenças começam a se expandir, de transmissão vetorial”.
Na África ocorre outro fenômeno
O infectologista relata, ainda, que no continente africano acontece outro fenômeno: a enorme urbanização, o aparecimento de imensos conglomerados em cidades, áreas urbanas, o que gera grande contingente populacional.
“Isso ajuda na adaptação do mosquito. Se ele gosta de calor e chuva, afinal, ele precisa de água para se replicar, o continente africano oferece as condições ideais”, destaca.
“Em um tempo atrás, as pessoas estavam mais dispersas. Porém, à medida em que as populações começam a se aglomerar em áreas urbanas, obviamente aumenta, e muito, a transmissão por esse vetor”, completa Caseiro.