A YKK, uma das principais fornecedoras globais de zíperes, descobriu que, na composição da tinta de seus produtos, há substâncias suspeitas de causarem câncer. A empresa, sediada em Tóquio e com filial no Brasil, alertou seus clientes sobre a descoberta no primeiro semestre do ano, mas só tornou-a pública agora.
Foi descoberto que na tinta de alguns zíperes à prova d’água e outros produtos existem substâncias perfluoralquiladas e polifluoralquiladas, os chamados PFAS, também conhecidos popularmente como “produtos químicos eternos”, por sua dificuldade de decomposição. Apesar de ainda sem uma conclusão definitiva, a suspeita é que esses materiais possam causar câncer e problemas no fígado e na tireóide.
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Como e quando isso foi descoberto
O vice-presidente do grupo de marketing global da YKK, Chris Gleeson, afirmou à Bloomberg Green que "a tinta contendo PFAS veio de vários fornecedores" e que a empresa passou a encontrar a substância em compras realizadas a partir de setembro. Segundo o portal, a YKK passou meses tentando eliminar os produtos químicos de sua cadeia de suprimentos.
O fato é que a YKK distribui zíperes para grandes marcas de roupas e ainda não está claro quantas foram afetadas pelos produtos contendo PFAS, uma vez que a empresa não divulgou sua lista de clientes e as marcas conhecidas por usar os zíperes não informaram se foram afetadas ou não.
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A presença de PFAS nos zíperes da YKK se tornou pública em meio à iminência da proibição dessas substâncias. Nos Estados Unidos, alguns estados já possuem legislações para proibir esses químicos.
Califórnia e Nova Iorque proíbem os produtos químicos tóxicos na maioria das roupas a partir de 2025. Já no Maine e em Minnesota, a proibição só passará a valer a partir de 2030.
Em fevereiro deste ano, a União Europeia (UE), informou que começou a elaborar uma proposta – encabeçada por Alemanha, Holanda, Dinamarca, Suécia e Noruega, que não faz parte da UE – para proibir o uso dos produtos químicos eternos.
Enquanto o prazo das proibições não chega, empresas tentam adaptar suas cadeias de suprimentos e desenvolver novos materiais livres de PFAS, por meio de testes internos.
Quais os perigos de PFAS
Os PFAS são bastantes usados para revestimento, por serem resistentes a calor, óleo e água. As empresas adicionam essas substâncias a uma grande quantidade de produtos para torná-los antiaderentes, impermeáveis e resistentes a manchas.
São substâncias sintéticas, havendo mais de 9 mil tipos diferentes, segundo o PFAS-Exchange, uma organização, fundada pelo Instituto Nacional de Ciências da Saúde Ambiental dos EUA (NIEHC, na siglas em inglês), dedicada a pesquisar os efeitos dessas substâncias.
As pessoas podem estar expostas a essas substâncias ao entrar em contato com os produtos que a possuem, ou pelo ar, pela ingestão de alimentos e, até mesmo, pela água potável. Esse é o perigo dos PFAS, o fato de estarem espalhados e escondidos no cotidiano humano.
O PFAS-Exchange explica que essas substâncias estão relacionadas ao aparecimento de diversos problemas de saúde, como câncer, colesterol alto, obesidade, efeitos no sistema imunológico, maior propensão ao câncer de mama e problemas na tireóide. Cada vez mais estudos comprovam as consequências perigosas desses “produtos químicos eternos” para a saúde.