No mesmo tom do humorista racista e preconceituoso idolatrado pela ultradireita, Flávio Bolsonaro (PL-RJ) classificou Alexandre de Moraes como "câncer" em um ataque gratuito contra o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) em publicação na rede X nesta quarta-feira (4) em que sai em defesa de Léo Lins, condenado a 8 anos e 3 meses de prisão por propagar discurso de ódio contra diversos grupos sociais em um vídeo publicado em seu canal no YouTube.
"A condenação de Leo Lins é uma prova cabal da metástase de insanidades inspiradas no mau exemplo que vem de cima no Judiciário", iniciou o "01" de Jair Bolsonaro (PL), ao falar sobre a propagação da doença.
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Em seguida, ele relaciona a decisão da juíza Federal Barbara de Lima Iseppi, da 3ª vara Criminal de São Paulo/SP, que também fixou indenização de R$ 303.600 por danos morais coletivos, ao ministro do Supremo.
"Juízes de piso se deleitando de ter um dia de Alexandre de Moraes, criando seu próprio código penal, inventado crimes, sufocando financeiramente vítimas escolhidas a dedo, condenando inocentes e soltando bandidos perigosos", afirma Flávio.
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Em seguida, ele ataca Moraes, classificando o ministro como uma doença. "É imensurável o preço que a democracia está pagando pra que Alexandre de Moraes cumpra sua missão e 'não morra na praia'. Vamos trabalhar muito para que a pesada quimioterapia necessária para extirpar o câncer não leve o Brasil a óbito".
Queridinho da ultradireita
Léo Lins foi condenado à prisão após uma série de reprimendas por propagar discurso de ódio contra pessoas negras, indígenas, idosos, pessoas com deficiência, homossexuais, judeus, nordestinos, evangélicos, gordos e portadores do HIV.
Segundo a sentença, o caráter discriminatório das falas foi agravado pelo contexto em que ocorreram: um ambiente de entretenimento, onde o humorista demonstrou desprezo pelas possíveis consequências. A decisão menciona que o próprio Lins admitiu, durante o show, que suas piadas poderiam gerar processos judiciais.
“O humor não pode ser usado como escudo para disseminar preconceito”, afirma um trecho da sentença. “O exercício da liberdade de expressão não é ilimitado e deve respeitar os princípios da dignidade humana e da igualdade.”
Para o Ministério Público Federal, responsável pela acusação, o vídeo ultrapassou os limites da liberdade artística ao incitar intolerância e reforçar estigmas contra populações historicamente vulneráveis. O material foi retirado do ar em 2023 por ordem judicial.
Banido da rede social Tinder, Léo Lins fez fama com "piadas" que propagam preconceito e ódio.
Em um dos casos mais nefastos, o "humorista" foi demitido do SBT por fazer "piada" sobre uma criança do Ceará com hidrocefalia.
Em show de stand-up, Léo Lins, que até então integrava o quadro do programa "The Noite", comandado por Danilo Gentili, fez um deboche cruel contra uma criança com hidrocefalia, condição em que ocorre um acúmulo de líquido em cavidades do cérebro, o que provoca um significativo aumento da pressão intracraniana.
"Eu acho muito legal o Teleton, porque eles ajudam crianças com vários tipos de problema. Vi um vídeo de um garoto no interior do Ceará com hidrocefalia. O lado bom é que o único lugar na cidade onde tem água é a cabeça dele. A família nem mandou tirar, instalou um poço. Agora o pai puxa a água do filho e estão todos felizes", disparou, antes de ser demitido.
Em nota, a AACD repudiou a "piada" de Léo Lins e informou que a fala do comediante configura crime.
"Em uma fala extremamente infeliz e bastante capacitista, ele ataca pessoas com hidrocefalia, chama as pessoas com deficiência de 'crianças com vários tipos de problemas' e mostra desrespeito aos moradores do Ceará. A atitude de Leo Lins também configura crime, conforme prevê o artigo 88 da Lei 13.146/2015", diz um trecho do comunicado.