Um silêncio sepulcral pairou sobre grupos de WhatsApp de agentes da Polícia Federal (PF) durante o depoimento do ex-ministro da Justiça, Anderson Torres, no julgamento da organização criminosa de Jair Bolsonaro (PL) pelo Supremo Tribunal Federal (STF) nesta terça-feira (10).
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A apreensão se estende, especialmente, sobre a ala cooptada pelo bolsonarismo durante o governo de Jair Bolsonaro (PL), que busca se esconder em meio aos demais agentes.
No entanto, fontes da corporação ouvidas pela Fórum acreditam que o depoimento - e uma possível condenação - de Torres pode trazer à tona informações que implicam diretamente os aliados de Bolsonaro na instituição.
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Conforme a Fórum apurou, Torres, que é delegado de carreira da Polícia Federal, foi um dos principais encarregados por Bolsonaro para aparelhar a instituição, escolhendo a dedo simpatizantes do ex-presidente para ocupar diretorias e postos-chaves da corporação.
Um dos mais apreensivos é o delegado Márcio Nunes Oliveira, alçado por Torres à direção-geral da PF entre fevereiro e dezembro de 2022.
Nunes era secretário-executivo do Ministério da Justiça, ou seja, o número dois da pasta, e comandou a PF durante o processo eleitoral e a intentona golpista de Bolsonaro.
Em setembro de 2023, no governo Lula, a PF determinou que Oliveira fizesse um curso de “boas práticas em polícia judiciária”, por meio de despacho da delegada Danielle de Meneses Oliveira Mady, corregedora regional da PF no Distrito Federal.
Outro que acompanhou atentamente o depoimento foi o ex-secretário-adjunto de Segurança Pública do Distrito Federal, Fernando Oliveira, chegou a enviar áudio no 8 de Janeiro de 2023 ao governador Ibaneis Rocha (MDB) contando da "manifestação totalmente pacífica" em meio aos preparativos dos golpistas.
Torres também foi ouvido pela delegada Marília Alencar, investigada na trama golpista, e o marido, o também delegado Erasmo Júnior, que atuavam na Academia de Polícia. Os delegados Henrique Rosas e Cleber Abreu Borges também ocuparam cargos no governo Bolsonaro. Rosas e Borges chegaram a trabalhar na Secretaria Extraordinária de Segurança Presidencial em 2023, já no governo Lula.