Alvo de ação proposta pela Procuradoria-Geral da República, Eduardo Bolsonaro (PL) deve ter uma surpresa indigesta vinda da Polícia Federal, instituição que virou alvo de ameaças do filho "03" de Jair Bolsonaro.
LEIA TAMBÉM:
Eduardo Bolsonaro delira e diz que "sanções a brasileiros é culpa do Lula, não minha"; veja vídeo
VÍDEO: Eduardo Bolsonaro ameaça policiais federais após se tornar alvo de inquérito
Te podría interesar
Em entrevista a um site bolsonarista na noite desta segunda-feira (26), Eduardo - que é escrivão da PF - ameaçou agentes que possam cumprir os mandados expedidos pelo relator do caso no Supremo Tribunal Federal (STF), o ministro Alexandre de Moraes.
"Os policiais federais que porventura venham a cumprir os mandados do Alexandre de Moraes para achacar, extorquir Jair Bolsonaro ou qualquer outro tipo de pessoa, vocês saibam que vocês também vão entrar na mira dos norte-americanos", disse o deputado licenciado, que articula com extremistas do governo Donald Trump, nos EUA, uma série de sanções a autoridades brasileiras.
Te podría interesar
No entanto, a PF já decidiu que colocará um velho conhecido do clã Bolsonaro na condução do inquérito contra Eduardo Bolsonaro.
Após a decisão de Moraes, de determinar a abertura do inquérito, a cúpula da PF se reuniu e decidiu manter a mesma equipe que investigou a organização criminosa golpista, comandada pelo delegado Fabio Shor, no caso envolvendo Eduardo Bolsonaro.
Seguindo o entendimento de Luís Roberto Barroso, presidente do STF, que enviou o caso a Moraes - relator da ação sobre a tentativa de golpe -, a cúpula da PF resolveu manter os mesmos agentes que “já investigaram fatos correlatos e têm conhecimento profundo do cenário”.
Clima no STF
Entre ministros do Supremo Tribunal Federal, a expectativa é que a investigação resultará em uma condenação certa de Eduardo Bolsonaro. Cinco dos 11 magistrados teriam dito a Bela Megale, do jornal O Globo, que apenas as ameaças e articulações registradas pelo próprio Eduardo Bolsonaro nas redes sociais já se caracterizam crime de coação a autoridades.
Nas 13 páginas endereçadas ao presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Luís Roberto Barroso, o Procurador-Geral da República (PGR), Paulo Gonet, afirma de forma enfática que Eduardo Bolsonaro (PL-SP) "se dedica com denodada diligência, o intuito de impedir, com a ameaça, o funcionamento pleno dos poderes constitucionais do mais alto tribunal do Poder Judiciário, da Polícia Federal e da cúpula do Ministério Público Federal, com isso atentando contra a normalidade do Estado democrático de direito".
"O sr. Eduardo Bolsonaro divulga fartamente notícias dessa sorte em veículos de imprensa nacionais, como se vê deste exemplo: 'Minha qualidade de vida melhorou. Mas, continuo indo com muita frequência a Washington e Miami para fazer essas tratativas porque minha missão prioritária aqui é sancionar o Alexandre de Moraes'", escreve Gonet, citando reportagem da Fórum sobre o tema.
Na peça, em que pede a abertura de um inquérito para investigar a conspiração contra o Brasil levada a cabo pelo filho de Jair Bolsonaro (PL) nos EUA, o PGR pede que a Polícia Federal (PF) realize "monitoramento e preservação de conteúdo postado nas redes sociais do sr. Eduardo Bolsonaro, que guarde pertinência com o exposto nesta petição" e abre espaço para que o deputado preste "esclarecimentos úteis para os fins do inquérito".
"Sugiro que a digna Polícia Federal encaminhe a notificação aos endereços eletrônicos de que dispuser ligados ao sr. Eduardo Bolsonaro, sabendo-se que ele se encontra fora do Brasil, mas está em permanente contato e uso dos meios eletrônicos de comunicação", afirma o PGR.
Os ministros também se preparam para uma saraivada de ações e um novo embate com congressistas bolsonaristas, que devem tentar usar a imunidade parlamentar para sustar a ação contra Eduardo, que se licenciou do mandato na Câmara.
Há ainda um preocupação com a celeridade do processo, já que Eduardo vai intensificar os contatos com a ultradireita neofascista nos EUA para sancionar as autoridades brasileiras.
Aliados próximos ao filho de Bolsonaro já falam que as sanções do governo Trump contra Moraes pode sair nos próximos 10 dias.
Eduardo ainda tenta um levante contra os outros ministros do Supremo. Até o momento, apenas três magistrados da corte estão sendo poupados nas conversas dele e de Paulo Figueiredo nos EUA: André Mendonça e Kássio Nunes Marques, alçados por Bolsonaro à corte, e Luiz Fux, que é alvo de uma tentativa de cooptação em razão das divergências com Moraes.
Além dos ministro, a conspiração do clã Bolsonaro mira ainda o PGR, Paulo Gonet, e assessores, além das famílias dos membros do STF, em especial as esposas de ministros que atuam no ramo da advocacia.
Fabio Shor, delegado que deve conduzir as investigações, também é um dos nomes citados por Eduardo Bolsonaro nas negociatas conspiracionistas com o governo Trump.