Ricardo Cappelli, presidente da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI) e ex-Ministro-Chefe interino do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), esteve no Fórum Onze e Meia desta quarta-feira (14) e falou sobre alguns dos principais temas do cenário político brasileiro atual. Um dos pontos debatidos por Cappelli foi a compra do Banco Master pelo Banco de Brasília (BRB).
O processo travou uma verdadeira batalha judicial nos últimos meses. A última decisão proferida pela Justiça foi a suspensão da decisão que barrou a compra do Banco Master a pedido do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT). Proferida no dia 9 de maio, a nova decisão, do desembargador João Egmont Leoncio Lopes, do Tribunal de Justiça do Distrito Federal (TJDFT), permitiu a continuação do processo.
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As ações pela compra do Banco Master começaram em março, quando o BRB demonstrou interesse em adquirir o banco de Daniel Vorcaro, conhecido como o "lobo da Faria Lima", por R$ 2 bilhões. A oferta levantou suspeitas devido ao valor oferecido e aos personagens envolvidos na compra. Leia mais sobre o processo nas reportagens da Fórum abaixo:
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Ao comentar sobre o caso, Cappelli afirmou que o Banco Master utilizou do esquema de "pirâmide" para atrair investimentos. "Ele [Banco Master] começou a construir investimentos usando como alavancagem o fundo garantidor de crédito", disse. Ele acrescentou que, devido a isso, hoje o banco se encontra "muito enrolado".
Para o presidente da ABDI, a solução para essa situação deveria ser uma intervenção do Banco Central no Banco Master. "Afastaria os controladores e encontraria uma solução para o banco de forma a não contaminar o sistema financeiro como um todo", defende Cappelli.
No entanto, ele aponta que o que está acontecendo hoje, infelizmente, "operação de salvamento do Banco Master" com dinheiro público. Cappelli relembra que o Banco Master teve "práticas condenadas por todo do mercado e recebeu alertas do Banco Central".
"Está em curso uma operação para salvar o Master com 2 bilhões de reais do povo do Distrito Federal, do Banco de Brasília, do BRB, que o acionista majoritário é o governo e, portanto, o povo do Distrito Federal. Uma operação para salvar o Master com o dinheiro do povo e ainda por cima premiar o banqueiro que teve essa conduta dando a ele um cargo generoso de chairman do BRB", afirma Cappelli.
Ele acrescenta que é "inacreditável" o que está acontecendo e diz que tem esperança "que o Banco Central tome uma atitude para impedir esse absurdo". "Essa operação de compra do Master pelo BRB vai entrar para a lista de escândalos do Brasil", declarou.
Viagem de Lula à China
Cappelli também comentou sobre a viagem do presidente Lula à China, onde se encontrou com autoridades e empresários chineses e fez uma série de anúncios de investimentos para o Brasil. Um dos anúncios foi o investimento de R$ 27 bilhões para desenvolvimento tecnológico.
Para o presidente da ABDI, a viagem é "histórica" e "estratégica" pois "aprofunda os laços de amizade, políticos e econômicos do Brasil com a China".
"Nesse momento de mundo instável, de um cenário geopolítico conturbado, o Brasil fortaleceu os seus laços com os parceiros do Sul Global e a China é o principal parceiro. Isso é estratégico. Então, acho que é muito positiva a viagem do presidente, vai gerar investimentos no Brasil, vai gerar novos empregos no Brasil", defendeu Cappelli.
Ele complementou afirmando que nesse momento de instabilidade provocado pelos Estados Unidos, é muito importante que o Brasil aprofunde as relações diplomáticas, econômicas e comerciais com um país tão importante quanto a China.
Monobra para livrar Ramagem
Cappelli, que foi ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional e atuou nas investigações dos atos golpistas de 8 de Janeiro, também avaliou o plano de deputados para livrar o ex-diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), Alexandre Ramagem, do processo em que é réu no Supremo Tribunal Federal (STF) por cinco crimes.
O presidente da ABDI questionou: "se o Ramagem tem a consciência tranquila, por que tanto medo do julgamento no Supremo Tribunal Federal?". Cappelli ainda declarou que não se pode concordar com a impunidade no Brasil. "As pessoas têm que responder pelo que fizeram. Não é possível, gente, tudo o que aconteceu no Brasil e agora haver trancamento de processo porque ele é deputado", disse.
"A lei tem que valer para todos, independente de ser um cidadão comum ou de ser um deputado. Então, acho que não tem cabimento você proteger A, B, ou C, porque ele é aliado político de C,D, ou E. Acho que se o Ramagem não fez nada, ele enfrente a Justiça e prove que não fez nada", afirmou Cappelli.
"Agora, utilizar o Congresso Nacional para tentar barrar o processo contra ele, não me parece adequado e nem aceitável", finalizou.
Confira a entrevista completa de Ricardo Cappelli ao Fórum Onze e Meia abaixo:
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