O Fórum Onze e Meia desta quinta-feira (1°) recebeu o ex-ministro do Trabalho, das Comunicações, da Previdência Social e das secretarias de Relações Institucionais durante os governos Lula e Dilma Rousseff, Ricardo Berzoini, que falou sobre o caso dos descontos indevidos no INSS.
O ex-ministro destacou que as fraudes começaram no governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que não tomou medidas para resolver a situação apesar das denúncias, como revelou a coordenadora jurídica do Sindnapi, Tonia Galleti, à Fórum. Berzoini acrescentou que, apesar dos casos terem sido descobertos pelo governo Lula em 2023, ele "não conseguiu, há tempo, desmontar essa maracutaia".
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"Houve o acompanhamento do TCU, e a direção do INSS, salvo engano, estava tomando todas as providências para moralizar essa situação, inclusive incluindo controle por biometria facial, incluindo outros mecanismos de controle", afirmou Berzoini.
O ex-ministro analisou que como o governo "demorou muito" para resolver o problema, "acabou se criando a imagem de que há um conluio lá". "Como eu conheço uma parte das pessoas que trabalham no Ministério, eu duvido que haja um conluio. Eu creio que houve alguma falta de agilidade para coibir a questão", defende Berzoini.
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"Então, vai precisar apurar. A CGU e a Polícia Federal estão fazendo isso. Se houve alguém que levou dinheiro, tem que ser punido, tem que ser colocado na cadeia. Se houve alguém que se omitiu, tem que ter consequências administrativas", declarou o ex-ministro.
Berzoini ainda destacou que não se pode "linchar o ministro, nem permitir que os demais dirigentes sejam linchados sem que haja a comprovação de culpa, ou até de omissão". "É fundamental pegar quem levou grana e ressarcir os aposentados o mais rápido possível".
Em relação à comunicação do governo através do pronunciamento do presidente Lula (PT) nesta quinta, no Dia do Trabalhador, Berzoini afirmou que é "sempre favorável a que, diante de situações como essa, o governo fale". "Não precisa ter medo de nada. Se você não fez nada errado, não há razão para não falar", disse.
Tem que falar, obviamente, com cuidado para, primeiro, não linchar ninguém e nem parecer que você está defensivo. Mas a fala do presidente ontem foi uma fala correta. O assunto está sob investigação que foi promovida pelo governo, pelas instâncias de controle do governo, e o governo vai cuidar disso e vai resolver", concluiu Berzoini.
Criminalização dos sindicatos
O ex-ministro também falou sobre o movimento de criminalização dos sindicatos que se intensificou após a investigação da Polícia Federal (PF), uma vez que sindicatos como o Sindnapi foram incluídos na lista de associações investigadas, apesar de representantes e lideranças afirmarem que não foram alvo de nenhuma operação e não têm mais informações sobre a situação.
Berzoini afirmou que essa criminalização é um assunto que para o PIG (Partido da Imprensa Golpista, termo criado pelo jornalista Paulo Henrique Amorim), "tem duas utilidades". "Primeiro, criar um ambiente de escândalo, de crise. De outro lado, atingir um instrumento fundamental da democracia, que são os sindicatos", diz o ex-ministro.
Ele acrescenta que é preciso que o movimento sindical faça uma defesa clara. "Primeiro, o próprio Sindnapi diz isso, e também a CONTAG. Ninguém tem compromisso nenhum com quem eventualmente tenha roubado. Se alguém roubou, responda por isso. A entidade, que eu saiba, agiu de maneira correta, fazendo o trabalho correto de sindicalização. Ou seja, organizando os aposentados pelo Estado. Se alguém, nesse caminho, fez alguma coisa errada, responda por isso", avalia Berzoini.
O ex-ministro lamenta, porém, que a veiculação da palavra "sindicato" a "coisas ilegais e criminosas infelizmente, já aconteceu".
"É hora de fazer um planejamento para demonstrar claramente que o sindicato age com correção. As principais entidades, no meu juízo, que promoveram o maracutaia, são associações que foram criadas recentemente", finaliza.
Confira a entrevista completa do ex-ministro Ricardo Berzoini ao Fórum Onze e Meia abaixo:
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