CUMPRINDO O DEVER

Oficial de justiça não ‘afinou’ com extremistas para intimar Bolsonaro na UTI

Servidora com ordem do STF teria até colocado o pé na porta e enfrentado a caterva que “protege” ex-presidente no hospital. Ele fez live na UTI e seu filho lançou ameaças ao Supremo

Jair Bolsonaro com o filho Carlos, na UTI de onde faz live. Acabou sendo intimado.Créditos: Redes sociais/Reprodução
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Após realizar uma live no quarto de UTI onde está internado no Hospital DF Star, em Brasília, na noite de terça-feira (22), Jair Bolsonaro (PL) recebeu a visita, na tarde desta quarta (23), de uma oficial de justiça, que foi ao local para intimá-lo em relação à ação penal que ele enfrenta no STF por tentativa de golpe de Estado. Seu comportamento farsesco, assim como a palhaçada que vem engendrando de dentro da unidade de saúde, foram o suficiente para que o relator do processo, o ministro Alexandre de Moraes, considerasse o ex-presidente perfeitamente apto a receber notificações judiciais. Na tal transmissão, o filho 03 do antigo ocupante do Palácio do Planalto chegou inclusive a ameaçar os ministros do Supremo.

Mas se engana quem acha que a tarefa de intimar Bolsonaro foi algo simples de se realizar. A servidora do Judiciário que compareceu ao DF Star teve que jogar duro com a caterva de fanáticos que perambula pelo setor onde o líder de extrema direita está internado após uma cirurgia abdominal, realizada há 10 dias. Esses integrantes da tropa de choque do ex-presidente deram início a um princípio de escândalo e lançaram bravatas contra a oficial de justiça, que não teria se intimidado em momento algum. Segundo o próprio Jair Bolsonaro, falando a um colunista do portal Metrópoles, a funcionária pública teria até colocado o pé na porta para entrar no quarto, impedindo que ela se fechasse e então ficasse impossibilitada de cumprir com a intimação.

Em tom de reclamação, mesmo diante do circo que está promovendo dentro de um hospital e após uma cirurgia que seria grave e complexa, Bolsonaro atacou outra vez Moraes, ainda que sem citá-lo. “Assinei depois de 15 minutos. A oficial de Justiça botou o pé na porta da UTI e entrou para que eu assinasse. A oficial confessou que estava cumprindo ordens. Adivinha de quem?”, disse o ex-presidente ao jornalista Paulo Cappelli, do Metrópoles.

STF explicou procedimento

O Supremo Tribunal Federal emitiu uma nota explicando a intimação de Jair Bolsonaro realizada num leito de UTI. A Corte frisou que todos os outros envolvidos no mesmo julgamento já tinham sido intimados entre os dias 11 e 15 deste mês, mas que no período Bolsonaro estava hospitalizado. O STF respeitou o direito que o réu tem de se recuperar fisicamente após o procedimento cirúrgico e seguiria aguardando sua alta. No entanto, a live realizada na terça-feira (22) foi a gota d’água, já que pelo comportamento do ex-presidente é perfeitamente claro que ele já está bem, fazendo transmissões na internet e instigando sua matilha de seguidores violentos.

“Em virtude da internação do ex-presidente Jair Bolsonaro, foi determinado que se aguardasse uma data adequada em que pudesse, normalmente, receber o oficial de Justiça. A divulgação de live realizada pelo ex-presidente na data de ontem (22/4) demonstrou a possibilidade de ser citado e intimado hoje (23/4)”, afirmou o STF em comunicado.

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