FASCISMO BOLSONARISTA

Bolsonaro faz novo ataque a Barroso para incitar levante contra ministros do STF

Ex-presidente e aliados radicais pulverizam ataques a ministros do Supremo, além de Alexandre de Moraes, para municiar tese da defesa "de processo repleto de ilegalidades"

Bolsonaro com André Mendonça: ministro indicado por ele é poupado dos ataques.Créditos: Alan Santos/PR
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No dia em que se encerra o prazo para apresentar sua defesa sobre a organização criminosa golpista, Jair Bolsonaro (PL) lançou mais um ataque contra o Supremo Tribunal Federal (STF), focado no presidente da corte Luís Roberto Barroso, para incitar levante contra o judiciário.

Pelo seu perfil no Telegram, Bolsonaro divulgou um vídeo público, de uma palestra feita em evento do banco BTG Pactual, em que Barroso fala sobre os julgamentos dos envolvidos no 8 de Janeiro de 2023 e da "tensão" em torno da tramitação da denúncia contra a orcrim golpista.

Barroso explica que as penas aos condenados pelo 8/1, consideradas excessivas pelos bolsonaristas, é uma forma de prevenir novas intentonas golpistas no país.

"As circunstâncias que advêm dos julgamentos do 8 de janeiro, que ainda de certa maneira trazem um certo dissenso na sociedade, a visão do Supremo Tribunal Federal é que não punir adequadamente esses crimes é um incentivo para que se repita quem, portanto, entender que da próxima vez achar que pode fazer a mesma coisa. Então, nós precisamos encerrar o ciclo da história brasileira de que a quebra da legalidade emocional fazia parte da rotina, como sempre foi na vida brasileira", disse Barroso sobre as condenações dos golpistas.

"Então, sob a Constituição de 1988 nós tivemos 36 anos de estabilidade institucional. Não se deve desprezar isso. E nós, de toda nossa geração, que conviveu com a Ditadura tem muito apreço pela preservação da Democracia", emendou.

Em seguida, o ministro falou da "tensão" sobre o julgamento da quadrilha de Bolsonaro justamente pelo incitamento feito pelos aliados em direção à horda de apoiadores, que culminou até em ameaça de bomba no edifício sede do STF.

"Também causa um grau de tensão política no país a investigação, agora já oferecida como denúncia, sobre uma aparentemente estarrecedora articulação para um golpe de Estado como se estivéssemos voltando à década de 60 com golpes militares. Portanto, também é um julgamento que traz um grau de preocupação pelas dificuldades de uma classificação que acho necessária no Brasil", disse o presidente do STF, sem emitir opinião sobre o mérito do julgamento.

Bolsonaro, no entanto, compartilhou o vídeo atacando Barroso que, segundo ele, estaria "dando opinião política sobre casos a serem julgados (inconstitucional)" para incitar a horda.

"Fingindo que há normalidade institucional e que defende a democracia enquanto esbraveja que “derrotaram o Bolsonarismo; juízes diretamente parciais se colocando aptos para “julgamento” de processo repleto de ilegalidades; é assombrado para o judiciário e para o Brasil normalizar tal rotina", emendou o ex-presidente buscando se colocar como vítima.

Estratégia

O ataque a Barroso faz parte da estratégia de Bolsonaro para desacreditar o STF e incitar a horda de apoiadores, que rapidamente pulverizou a publicação em grupos do Telegram e WhatsApp.

O ex-presidente, juntamente com filhos e influenciadores, pulverizaram os ataques para ministros além de Alexandre de Moraes, o principal alvo da orquestração golpista.

Nesta quarta-feira (5), Bolsonaro atacou, via Instagram, Flávio Dino com notícia divulgada pela Veja com base em dados do Sistema Nacional de Informações, o SNI, órgão de arapongagem criado pela Ditadura Militar.

A reportagem diz que Dino foi monitorado ao liderar um protesto em 1988 - após redemocratização - que "derrubou portões da reitoria da Universidade do Maranhão".

Bolsonaro também tentou impedir, sem sucesso, que o ministro e Cristiano Zanin, indicados por Lula à corte, participassem de seu julgamento, que deve transcorrer na primeira turma do STF.

A claque golpista só tem poupado André Mendonça e Kássio Nunes Marques dos ataques. A estratégia é levar o julgamento ao plenário da corte e obter os dois votos favoráveis dos indicados pelo próprio Bolsonaro ao Supremo.
 

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