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Mike Benz, convidado por bolsonaristas na Comissão de Relações Exteriores, elogiou Hitler

Convocado por Filipe Barros após lobby de Eduardo, Mike Benz elogiou Hitler, defendeu supramacia e falou de "genocídio branco" em conta secreta nas redes

Mike Benz em episódio do podcast de Joe Rogan, famoso por abrigar figuras da extrema direita
Mike Benz em episódio do podcast de Joe Rogan, famoso por abrigar figuras da extrema direitaCréditos: Reprodução
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O nome de Mike Benz tornou-se uma espécie de panaceia na boca dos bolsonaristas. Adulado por Eduardo Bolsonaro e pela deputada federal Bia Kicis (PL-DF), o "ativista pela liberdade de expressão" e ex-funcionário do Departamento de Estado dos EUA tem acusado a USAID (Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional) de interferir em resultados eleitorais norte-americanos.

Foi convocado para uma audiência na Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional da Câmara por Filipe Barros (PL-PR), conquista celebrada por Eduardo Bolsonaro, que chegou a elogiar o "ativista" durante a entrevista de Jair Bolsonaro ao podcast inteligência Limitada.

Quem é Mike Benz?

O estadunidense Michael Adam Bruno Benz, fundador da ONG Foundation for Freedom Online (Fundação pela Liberdade Digital, em tradução livre), ganhou destaque ao fornecer suporte ideológico aos cortes orçamentários promovidos por Elon Musk no governo dos EUA e especialmente na USAID.

Ele financia a teoria conspiratória de que a agência teria manipulado as eleições de 2022, que encerraram o governo Bolsonaro, valendo-se de sua credencial de ex-funcionário do Departamento de Estado.

Uma rápida busca no site do governo americano o identifica como um "Vice-secretário assistente" de Comunicação, cargo assumido em novembro de 2020 — dois meses antes do fim do mandato de Trump, quando seu serviço ao Departamento de Estado acabou.

Em 2022 e 2023, envolveu-se nos Twitter Files, série de publicações articuladas por Musk para alegar um esquema de censura na gestão anterior da rede, alinhada ao Partido Democrata.

O material ganhou repercussão com apoio de Glenn Greenwald e da Folha de São Paulo para atacar o ministro Alexandre de Moraes, alvo de críticas de Benz.

Relembre: Shellenberger, do Twitter Files Brazil, admite erro em principal "denúncia" propagada por Musk

Mas há mais na trajetória do novo queridinho da extrema-direita.

As ideias de Benz

Uma reportagem da NBC revelou que o ex-funcionário de Trump e porta-voz da liberdade de expressão possivelmente mantinha ligações com uma conta anônima chamada FrameGame. Ele participou de diferentes lives e podcasts, inclusive com notórios supremacistas brancos, como por exemplo Richard Spencer, entre os anos de 2016 e 2017.

O perfil propagou teorias de supremacia branca, elogiado Mein Kampf, de Hitler, e defendido a existência de um "genocídio branco" nos EUA. É importante ressaltar que Benz é judeu. Entre as declarações da conta FrameGame, ligada a Benz, estão:

  • Afirmou que judeus "controlam a mídia".
  • Disse que "sem a influência judaica no Ocidente, brancos não enfrentariam a ameaça de genocídio branco".
  • Autodeclarou-se "um judeu profundamente simpático à representação precisa da extrema direita sobre a natureza dúbia da influência judaica na Europa e na América".
  • Fez apologia a Hitler: "Se eu, um judeu, um membro da tribo, educado em hebraico, posso ler Mein Kampf e pensar 'Hitler realmente tinha alguns pontos decentes'. Então NINGUÉM está a salvo de odiar você quando descobrir quem está por trás do genocídio branco que acontece em todo o mundo".

A defesa de Benz

O perfil FrameGame era anônimo, mas falhas de segurança permitiram à jornalista Brandy Zadrozny vinculá-lo a Mike Benz. Entre as evidências, estavam uma conta de Facebook em seu nome, a similaridade de voz em podcasts e o nome "Michael" no navegador usado pelo perfil.

O homenageado por Jair Bolsonaro e Bia Kicis confirmou ser um dos administradores da conta, mas alegou que seu objetivo era "desradicalizar" a extrema-direita e que é um "judeu orgulhoso".

"E foi bem-sucedido. Os maiores fãs desta conta, que foi excluída há cerca de seis anos e para a qual só contribuí de forma muito limitada", disse. "Estou extremamente orgulhoso disto", disse. Ele só admitiu a autoria após a revelação da NBC.

Confira a confissão:

 

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