GOLPISMO EM XEQUE

Bolsonaro faz discurso covarde e cita Moraes apenas duas vezes em ato flopado em Copacabana

Ex-presidente terceirizou ataques a Nikolas e Malafaia, que chamou ministro de "criminoso". Ao lado de bandeira dos EUA com rosto de Trump, Bolsonaro desfilou com esposa e filhas de Clesão e disse que Kassab garantiu votos do PSD para PL da Anistia

Bolsonaro com esposa e filhas de Clesão e bandeira dos EUA com Trump no ato pela anistia em Copacabana.Créditos: Reprodução / Youtube
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Prestes a sentar no banco dos réus para ser julgado como principal líder da organização criminosa que tentou um golpe de Estado no Brasil, Jair Bolsonaro (PL) se acovardou no discurso feito neste domingo (16) no ato em Copacabana para pressionar sobre o Projeto de Lei da Anistia.

Em um discurso de cerca de 40 minutos a uma plateia que não se estendia a três quarteirões da orla carioca - bem abaixo dos 400 mil apoiadores esperados pela organização - Bolsonaro evitou os costumeiros ataques ao Supremo Tribunal Federal (STF) e citou nominalmente o ministro Alexandre de Moraes apenas duas vezes, atacando o inquérito da Polícia Federal (PF) sobre a tentativa de golpe.

Público no ato em Copacabana durante o discurso de Bolsonaro (Youtube / Silas Malafaia)

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"Aquela banda da Polícia Federal, que serve a Alexandre de Moraes, diz que o golpe começou em julho de 2021", afirmou o ex-presidente. Em live nesta data, que foi retirada do ar pela Justiça, Bolsonaro aprofundou o levante contra o sistema de votação, propagando mentiras sobre fraude nas urnas eletrônicas, algo que não foi constatado nem mesmo no relatório que encomendou ao Ministério da Defesa - e que está anexado no inquérito do golpe.

"Eu não estenderei muito, não. O Malafaia reportou como excelente advogado aqui, apesar dele não ser", disse Bolsonaro, que terceirizou os ataques ao pastor Silas Malafaia, organizador do ato e seu guru, que chamou Moraes de "criminoso" em meio a uma série de mentiras durante sua fala.

Além de Malafaia, Bolsonaro também terceirizou os ataques ao ministro a Nikolas Ferreira (PL-MG), único deputado da tropa de choque neofascista presente no ato. Além dele, apenas o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) como parlamentar de expressão no bolsonarismo discursou no ato.

O ato flopado na plateia refletiu em cima do trio elétrico de Malafaia com a presença de apenas 4 governadores: Tarcísio Gomes de Freitas (Republicanos-SP), Cláudio Castro (PL-RJ) - os dois que discursaram -, Jorginho Mello (PL-SC) e Antonio Denarium (PP-RR), que já teve o mandato cassado por três vezes pela Justiça Eleitoral e recorre das decisões.

Globo, Estadão e Clesão

Na outra citação, o ex-presidente mentiu dizendo que "todos os inquéritos do Alexandre de Moraes" são secretos. Em meio a um discurso repetitivo, Bolsonaro voltou a colocar em xeque a credibilidade do sistema de votação e o resultado das eleições de 2022.

"Nosso governo fez o trabalho. Porque perdeu a eleição? Será que a resposta está no inquérito 1361 secreto até hoje?", indagou sobre a investigação da PF, a mesma que ele vazou na live de julho de 2021. 

"Se a rede Globo me convidar para 3 horas ao vivo vocês perguntem o que bem entender. Eu abro esse inquérito ao vivo na TV Globo. Não sei se meus advogados conseguiram esse inquérito. Mas se esse inquérito foi o inicio do golpe, o povo tem que saber", disse, de forma confusa.

Em conluio com a mídia conservadora neoliberal, Bolsonaro ainda citou editorial do jornal O Estado de S.Paulo, que critica Lula um dia sim e outro também desde que o presidente entrou na política partidária.

A citação foi feita após Bolsonaro afirmar que já tem os votos necessários para passar o PL da Anistia, quando usou a esposa e as filhas de Cleriston Pereira da Cunha, o Clesão, que participou do 8 de Janeiro e morreu ao sofrer um infarto na penitenciária da Papuda em novembro de 2023.

"Como disse o editorial do Estadão, se tirar das mãos do PT a falsa bandeira da democracia, o PT não existe", disse Bolsonaro, com a esposa e filhas de Clesão, em frente a uma bandeira dos EUA, que mostra Donald Trump após o atentado a tiro na campanha eleitoral.

O ex-presidente ainda citou uma conversa que teve com Gilberto Kassab, presidente do PSD e assessor especial de Tarcísio Gomes de Freitas (Republicanos), no Palácio dos Bandeirantes, quando o cacique teria prometido votos da bancada do partido ao PL da Anistia.

"Resolvi com o Kassab em São Paulo. Ele está ao nosso lado com sua bancada para aprovar a anistia", afirmou.

Com música emotiva ao fundo, Bolsonaro ainda se vitimizou, referindo-se a um velho chavão: Venezuela. "Se algo na covardia acontecer comigo, continuem lutando. O que eles querem no Brasil é fazer como Na Venezuela".

Ao final, o ex-presidente voltou ao vitimismo dizendo que se estivesse no Brasil no 8 de Janeiro estaria "preso ou morto".

"Se estivesse aqui estaria preso ou morto por eles. Eu serei um problema para eles preso ou morto. Mas, vejo a chama acessa, da esperança", afirmou.

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