FASCISMO BOLSONARISTA

Ex-ministro de Bolsonaro sobre Mauro Cid: "queria comer o fígado dele"

Cacique do Centrão ainda deu chilique ao ser indagado sobre a investigação das fraudes nos cartões da vacinação, que também recai sobre o ex-presidente

Mauro Cid.Créditos: Agência Senado
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Presidente de fato desde que foi alçado ao ministério da Casa Civil do governo Jair Bolsonaro (PL), em troca do apoio do Centrão, Ciro Nogueira, presidente do PP, tentou se desvencilhar da organização criminosa golpista ao dizer que tinha rusgas com o tenente coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens da Presidência e delator da intentona.

Em depoimento à Polícia Federal em agosto de 2023, Cid afirmou que Nogueira fazia de um grupo "conservador, de linha bem política", que incentivava Bolsonaro a desmobilizar os acampamentos em frente aos quartéis do Exército. O presidente do PP não chegou a ser investigado pela PF no caso.

À Folha, o ex-titular da Casa Civil atacou o tenente coronel dizendo que acha "impossível um ministro tão presente no dia a dia do presidente não ver o movimento de um golpe militar".

Em seguida, Nogueira afirmou que não tinha proximidade com Cid e contou sobre um dia em que quis "comer o fígado dele".

"Eu não tinha proximidade com o Cid, porque defendia a demissão dele desde que cheguei ao governo. Ele levava muita coisa errada para o presidente. Bolsonaro estava fazendo uma live e ele entregou um papel [dizendo] que a vacina [contra a Covid] poderia desencadear HIV. Eu queria comer o fígado dele", relatou.

Nogueira ainda afirmou que Bolsonaro "é inocente nesse caso" e deu chilique ao ser indagado sobre a investigação das fraudes nos cartões da vacinação, que também recai sobre o ex-presidente.

"Pelo amor de Deus, vamos virar a página. Ninguém aguenta mais a mídia com esse discurso para tentar tirar o foco dos problemas do país. Me desculpe, eu não vou mais falar sobre isso", afirmou irritado.

Desembarque

Nogueira afirmou ainda que está pressionando André Fufuca a deixar o ministério dos Esportes e fez ameaças ao governo

Indagado se já falou com Fufuca sobre a saída do governo, Nogueira diz que "já, eu disse que estou sendo pressionado".

Em seguida, ele ameaçou influenciar outros partidos do Centrão a deixarem o cargo.

"Se eu desembarco hoje, o União Brasil pode vir junto, o Marcos Pereira [presidente do Republicanos] é difícil ficar sozinho lá dentro. E eu não sei se o [Gilberto] Kassab [presidente do PSD] fica", disse em longa entrevista à Folha.

A estratégia desenhada pelo ex-ministro de Bolsonaro, no entanto, passa por "sangrar" Lula. O ex-presidente já reprimiu a ala mais radical da horda, capitaneada por Nikolas Ferreira (PL-MG) e Carla Zambelli (PL-SP), a não levantar a bandeira do impeachment de Lula.

"Acho que o governo tem um piso de aprovação. Porque uma coisa é tirar a Dilma [Rousseff] como a gente tirou. A Dilma tinha 7%. Lula nunca vai chegar a 7%. Então, acho que o ideal é dar governabilidade ao país para a gente fazer uma transição. Se eu fosse o presidente Lula, o mais rapidamente possível, eu anunciava que não era candidato e virava essa página", emendou Nogueira.
 

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