Em entrevista ao Fórum Onze e Meia desta quinta-feira (27), o professor de Direito e juiz federal Eduardo Appio, que ocupou a 13ª Vara Federal de Curitiba após Sérgio Moro, comentou sobre o ex-juiz e então senador estar à frente das intenções de voto para o governo do Estado do Paraná, segundo pesquisa Quaest. Moro aparece na liderança com 30% nas intenções de voto para 2026. Appio afirmou que o resultado era esperado, uma vez que Moro se associou ao bolsonarismo e tem sua imagem atrelada ao movimento antipetista por ter prendido o presidente Lula (PT).
"Eu acho que é esperável, porque ele se associou ao bolsonarismo. O bolsonarismo capturou uma parcela importante do antipetismo, especialmente aqui nos estados do Sul. Nem todos os os antipetistas são bolsonaristas, muita gente não gosta do Bolsonaro, mas endossa o fascismo porque é antipetista, porque caiu naquela ladainha de dez anos de Jornal Nacional batendo nas costas do Lula", diz Appio. "Sérgio Moro representa no imaginário coletivo aqui no Paraná esse antipetismo", completa o juiz.
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"Ele mesmo disse esses dias: 'ah, eu prendi o Lula, eu isso, eu aquilo'. Então, aquilo que seria motivo de vergonha, desonra e responsabilidade criminal para outros juízes - ter conduzido um processo de forma parcial, suspeita, criando uma cama de gato política para o presidente Lula - aqui [Paraná] serve como plataforma política", avalia.
O juiz também falou sobre a falta de investigação contra Sérgio Moro. "O CNJ encaminhou todos esses documentos e indícios contra Sérgio Moro para o Procurador-Geral Gonet em junho de 2024, nós estamos entrando em março de 2025 e até então não houve aparentemente nenhuma movimentação em torno disso", comenta Appio.
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Ele também elogiou a conduta do ministro Salomão, do Conselho Nacional de Justiça, afirmando que ele teve uma "postura heróica" ao conseguir levar adiante um relatório que "aprovou indícios existentes de corrupção, formação de quadrilha e peculato envolvendo essas pessoas, inclusive Sérgio Moro".
"Evidentemente que eu, como eleitor aqui do Paraná, espero que até as eleições daqui a dois anos esses fatos estejam esclarecidos, porque eu não consigo imaginar como que alguém acusado de desviar 6 bilhões de reais dos cofres públicos se cacifa para candidatura ao governo do Estado, onde ele vai gerir alguns trilhões de reais. Isso é realmente muito sério", declara Appio.
O juiz se refere aos recursos que teriam sido recuperados pela Lava Jato, que chegam a R$ 6 bilhões. Appio estava investigando o destino desse dinheiro, quando foi afastado da 13ª vara. Appio reforça que torce para que "se faça uma investigação e que sejam abertos o sigilo tributário, fiscal e bancário" de Moro.
Em abril de 2024, o CNJ divulgou um relatório em que comprova que Sérgio Moro, Deltan Dallagnol e Gabriela Hardt desviaram R$ 2,5 bilhões da Lava Jato para criação de uma fundação privada, que seria chamada de "Fundação Lava Jato". Segundo Appio, a fundação só não foi construída graças à "intervenção prodigiosa" do ministro Alexandre de Moraes. "Se não hoje estariam montados aí nesse orçamento bilionário", diz.
"Eu imagino que até 2026 nós tenhamos uma solução para o caso, ou a favor da inocência do Sérgio Moro ou pela condenação, mas que se diga, afinal, se o sujeito desviou esse dinheiro todo lá para os Estados Unidos para voltar para o Brasil para a Fundação Lava Jato, naquilo que o CNJ chamou de sistema de cashback, ou seja, você dá um tanto e volta a outro tanto, que é corrupção, obviamente", finaliza o juiz e professor.
Confira a entrevista completa do juiz federal Eduardo Appio ao Fórum Onze e Meia abaixo:
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