O senador Sergio Moro (União-PR), que até então se colocava como um dos maiores entusiastas da Lei da Ficha Limpa, se calou sobre a articulação da extrema direita no Congresso Nacional que visa destruir a legislação para beneficiar o ex-presidente Jair Bolsonaro.
Moro sempre foi um defensor da lei que impede que corruptos e criminosos sejam candidatos em eleições e, inclusive, invocou a Ficha Limpa para impedir que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em 2018, à época preso após processos conduzidos por ele enquanto juiz da operação da Lava Jato, se candidatasse na eleição de 2018.
Agora, bolsonaristas articulam a aprovação de um projeto que visa mudar o período de inelegibilidade da Ficha Limpa de 8 para 2 anos, permitindo assim que Bolsonaro seja candidato à presidência em 2030.
Apesar da proposta representar uma verdadeira destruição da Lei da Ficha Limpa, Moro vem mantendo um silêncio retumbante com relação ao tema.
Em vez disso, vem se ocupando com publicações nas redes sociais nas quais defende a anistia aos golpistas do 8 de janeiro, se referindo a eles como "pobres coitados".
Usuários das redes sociais têm cobrado o senador por um posicionamento quanto à proposta que visa alterar a Lei da Ficha Limpa para beneficiar Bolsonaro. Até a publicação desta matéria, Moro não havia se pronunciado.
Entenda
A extrema direita e o centrão n Câmara dos Deputados se articulam para reabilitar Jair Bolsonaro até 2026, extinguindo a inelegibilidade do ex-presidente.
Condenado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) em duas ações por abuso de poder político, Bolsonaro está inelegível até 2030. Um projeto do deputado federal Bibo Nunes (PL-RS), no entanto, pode mudar esta situação e permitir que o ex-presidente seja candidato na próxima eleição presidencial.
No último sábado (1), integrantes do PL, incluindo o próprio ex-presidente, realizaram uma reunião em Brasília, pouco antes das eleições à presidência da Câmara e do Senado. No encontro, ficou definido que uma das prioridades do partido em 2025 será aprovar Projeto de Lei Complementar (PLP) 141/2023, do deputado Bibo Nunes, que esvazia a Lei da Ficha Limpa e reduz de 8 para 2 anos o período de inelegibilidade para condenados por abuso de poder político, como é o caso de Jair Bolsonaro.
Segundo Bibo Nunes, o projeto, que será relatado pelo bolsonarista Felipe Barros (PL-PR), já conta com o apoio de integrantes do centrão. Neste momento, a proposta tramita na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara e aguarda um parecer do relator para ir à votação.
"Com o Presidente Bolsonaro no encontro do PL, hoje, onde confirmamos apoio total para ele como candidato em 2026. O PLP 141/23, de minha autoria é que reduz a inelegibilidade de 8 para 2 anos, viabilizando a candidatura. O colega Felipe Barros será o relator e será prioridade do PL a aprovação. Bolsonaro Presidente em 2026!", escreveu Bibo Nunes ao divulgar uma foto com Bolsonaro.