AMEAÇA À DEMOCRACIA

Bolsonaro rompe silêncio sobre denúncia da PGR e se vitimiza

Procuradoria-Geral da República acusa ex-presidente de liderar organização criminosa envolvida em tentativa de golpe de Estado

Bolsonaro rompe silêncio sobre denúncia da PGR e se vitimiza nas redes.Créditos: Reprodução redes sociais
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O ex-presidente Jair Bolsonaro rompeu o silêncio e se pronunciou, nesta quarta-feira (19), por meio de suas redes sociais, sobre a denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR). O documento, apresentado ao Supremo Tribunal Federal (STF) na terça-feira (18), aponta o ex-presidente como líder de uma organização criminosa que tentou promover um golpe de Estado.

Sem novidades, Bolsonaro afirmou que a denúncia "foi fabricada" e que ela é fruto de um "regime autoritário". No entanto, essa afirmação não condiz com a realidade, já que o ex-presidente terá o direito de apresentar sua defesa.

"O mundo está atento ao que se passa no Brasil. O truque de acusar líderes da oposição democrática de tramar golpes não é algo novo: todo regime autoritário, em sua ânsia pelo poder, precisa fabricar inimigos internos para justificar perseguições, censuras e prisões arbitrárias", afirmou Bolsonaro.

Em seguida, o ex-presidente comparou a situação brasileira a outros países: "É assim na Venezuela, onde Chávez e Maduro acusavam oposicionistas de golpistas. É assim na Nicarágua, em Cuba e na Bolívia. É assim em todo o mundo. A cartilha é conhecida: fabricam acusações vagas, se dizem preocupados com a democracia ou com a soberania, e perseguem opositores, silenciam vozes dissidentes e concentram poder".

Por fim, Bolsonaro concluiu: "O mundo está atento, e seguiremos fazendo nossa parte para que todos saibam o que se passa hoje no Brasil. A liberdade irá triunfar mais uma vez".


 

 

Bolsonaro é o líder da organização criminosa do golpe, diz denúncia da PGR
 

Segundo a denúncia apresentada pela Procuradoria-Geral da República na noite desta terça-feira (18), o ex-presidente Jair Bolsonaro liderava uma organização criminosa para promover um golpe de Estado no Brasil.

"Aqui se relatam fatos protagonizados por um Presidente da República que forma com outros personagens civis e militares organização criminosa estruturada para impedir que o resultado da vontade popular expressa nas eleições presidenciais de 2022 fosse cumprida, implicando a continuidade no Poder sem o assentimento regular do sufrágio universal", diz a denúncia. 

E a peça jurídica segue: "A organização tinha por líderes o próprio Presidente da República e o seu candidato a Vice-Presidente, o General Braga Neto. Ambos aceitaram, estimularam, e realizaram atos tipificados na legislação penal de atentado contra o bem jurídico da existência e independência dos poderes e do Estado de Direito democrático."

Antes mesmo dos trechos acima, a PGR já havia indicado para a liderança do ex-presidente. "A responsabilidade pelos atos lesivos à ordem democrática recai sobre organização criminosa liderada por JAIR MESSIAS BOLSONARO, baseada em projeto autoritário de poder. Enraizada na própria estrutura do Estado e com forte influência de setores militares, a organização se desenvolveu em ordem hierárquica e com divisão das tarefas preponderantes entre seus integrantes", aponta o texto.

Ao longo do documento, são descritos os fatos e também a participação de Bolsonaro em diversos atos voltados para "seu propósito ilícito de permanência autoritária no Poder".

'Preocupação zero'

Nesta terça-feira, Jair Bolsonaro comentou sobre a possibilidade de ser denunciado pela PGR. Após almoço com parlamentares da oposição no Senado, ele falou com jornalistas.

“Que golpe é esse? Não tenho nenhuma preocupação com as acusações, zero”, falou o ex-presidente. Os crimes atribuídos a Bolsonaro pelas investigações da Polícia Federal e pela denúncia oferecida pela Procuradoria-Geral de Justiça são abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado e organização criminosa. As penas somadas podem chegar a 28 anos de prisão.

“Foi uma conversa, convidamos o ex-presidente. Toda terça-feira que a oposição se reúne, vamos iniciar um novo ano legislativo e o ex-presidente, como o maior líder da direita do país, veio conversar com a oposição aqui no Senado para tratar de pautas que interessam a população brasileira e também interessam o nosso grupo político”, afirmou o líder da oposição no Senado, Rogério Marinho (PL-RN), segundo o Correio Braziliense.

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