JUSTIÇA

“Marco na história do país”: as reações à denúncia da PGR contra Bolsonaro

Políticos destacam denúncia como passo fundamental para integridade democrática

Bolsonaro na Polícia Federal.Créditos: Gabriela Biló / Folhapress
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A denúncia feita pela Procuradoria-Geral da República (PGR) contra Jair Bolsonaro (PL) e seus aliados por tentativa de golpe de Estado em 2022 provocou diversas reações no mundo político. Da esquerda à direita. A presidenta do PT, Gleisi Hoffmann, afirmou que a denúncia é um passo fundamental para a democracia brasileira.

“É a verdade falando alto, para que todos paguem por seus crimes. E que nunca mais tentem fraudar eleições, depor governos legítimos, tramar assassinatos. Golpe e ditadura, nunca mais”, escreveu no X.

O senador Randolfe Rodrigues (PT-AM), líder do governo no Congresso Nacional, afirmou que Bolsonaro foi finalmente denunciado após um longo período de investigações. “É acusado de organização criminosa, tentativa de golpe e abolição da democracia. Se condenado, pode pegar até 28 anos de cadeia. Tarda, mas não falha."

Para o líder do governo Lula na Câmara, José Guimarães (PT-CE), esse é um momento em que é imperativo refletir sobre a importância da defesa das instituições democráticas. “A acusação contra Bolsonaro, garante justiça, lembrando-nos de que a democracia exige vigilância constante e compromisso com seus princípios”, disse.

A prefeita de Juiz de Fora, Margarida Salomão (PT), também se manifestou nas redes sociais e destacou que a democracia brasileira respira agora. “Brasil não aceita que filhotes da ditadura usem a própria democracia para questionar toscamente as urnas”.

A oposição, como esperado, segue na linha de que “não houve” tentativa de golpe para defender o ex-presidente, embora o relatório com mais de 270 páginas, detalhe com provas, os planos da organização criminosa para dar o golpe de Estado, inclusive, mostrando e confirmando que Bolsonaro era o líder da quadrilha em uma linha do tempo que começa em março de 2021, quando Lula se tornou elegível.

Bolsonaro ainda atua para inverter condenação

Bolsonaro, apesar de seus pedidos por anistia, voltou recentemente a questionar a legitimidade do sistema eleitoral brasileiro e falar em "fraude" nas eleições de 2022, incorrendo justamente na base narrativa que alimentou a trama golpista pela qual ele é investigado. O ex-presidente, inclusive, está convocando uma manifestação para março cuja pauta será a anistia, mas é possível que volte a fazer ataques às urnas eletrônicas e à Justiça. 

Caso Bolsonaro prossiga com essa retórica, o ministro relator do inquérito do golpe no Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, pode considerar que o ex-presidente esteja fomentando um novo plano golpista, atrapalhando as investigações e exercendo pressão política e social sobre o julgamento, ensejando, assim, uma medida cautelar mais dura, como é o caso da prisão preventiva. 

Em entrevista ao Fórum Café nesta quarta-feira (19), Correia chamou atenção para o fato de que Bolsonaro deve manter essa estratégia da prisão preventiva justamente por que desejaria ser preso preventivamente. 

"Bolsonaro mantém a estratégia golpista, é a mesma. Essas mobilizações que eles fazem, o questionamento, a anistia – que jamais virá, ele será condenado e não vai passar no Congresso. Ele sabe disso, não tem a menor chance de ser candidato em 2026, mas ele vive repetindo: 'eu sou a democracia'. Ou seja, se não for candidato, as eleições não valem. Por que ele faz isso? (...) É para criar o ambiente golpista no Brasil", analisa Correia, relembrando que Bolsonaro fomentou a trama golpista a partir de 7 de setembro de 2021, quando convocou manifestações, lançou ataques ao sistema eleitoral e afirmou que não acataria mais ordens de Alexandre de Moraes.

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